Empresário Funerário denunciou corrupção e extorsão envolvendo vereadores e servidores públicos em Valparaíso de Goiás. Um mar de lama e corrupção que teve seu ápice em 2022, mas que até hoje deixa marcas.
O empresário do ramo funerário Fernando Viana de Sousa, responsável exclusivo pelos serviços funerários no município de Valparaíso de Goiás após vencer uma licitação, apresentou uma denúncia detalhada que envolvia uma série de crimes atribuídos a autoridades municipais. Entre os acusados estavam vereadores, servidores públicos e até o prefeito da cidade, Pábio Correia Lopes, Pábio Mossoró. Segundo o empresário, a exclusividade de seu contrato teria sido desrespeitada, com a conivência de membros da administração pública, que direcionam os serviços para outras empresas de forma ilícita.
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Acusações de Extorsão e Corrupção
A denúncia incluiu acusações graves contra Paulo Brito, vereador e servidor do órgão tributário municipal. De acordo com Fernando Viana, Brito teria solicitado dinheiro em espécie em troca de regularizar as dívidas da empresa funerária junto à prefeitura. O valor cobrado teria sido de R$ 30 mil, com a promessa de “quitar” todos os débitos da empresa no sistema da prefeitura.
Outro nome citado na denúncia é o de José Antônio Ribeiro (Zé Leso), ex-secretário de Assistência Social e atual candidato à prefeitura de Valparaíso de Goiás. Apesar das acusações, Zé Leso não é inimigo político do prefeito Pábio Mossoró nem do secretário Marcus Vinícius, mais conhecido como Cinquentinha, reforçando a ideia de que há uma continuidade política entre os envolvidos. Segundo o empresário, Zé Leso teria solicitado uma “comissão” de R$ 1 mil por cada defunto e que fosse autorizado pela prefeitura, além de que estivesse permitindo que funerárias não credenciadas atuassem ilegalmente no município.
Tentativas de Suborno Gravadas
Em um dos episódios mais contundentes, fernando Viana relata que gravou em vídeo a servidora Bruna Mousinho Martins recebendo uma quantia de R$ 1 mil em sua funerária, como parte de um acordo corrupto para reduzir suas dívidas municipais. O empresário afirmou ter levado a gravação ao prefeito Pabio Correia Lopes, que teria se recusado a agir, alegando falta de provas e de autoridade sobre os atos de seus subordinados.
Projeto de Lei e Retaliação
Segundo Fernando Viana, o ápice da perseguição veio com a apresentação de um projeto de lei na Câmara Municipal que visava romper seu contrato de exclusividade com a prefeitura. O empresário alega que isso seria uma retaliação por não ter aceitado participar de esquemas de extorsão propostos por membros da administração, incluindo José Antônio (Zé Leso).
Investigação e Inércia do Prefeito
A falta de ação por parte do prefeito Pábio Mossoró também é um dos pontos centrais da denúncia. Fernando Viana afirma que o prefeito tinha conhecimento dos fatos e das provas anexadas, mas se absteve de investigar, o que, segundo ele, evidencia condescendência criminosa e prevaricação. Mesmo diante de decisões judiciais em favor do empresário, a prefeitura continuaria descumprindo as ordens, permitindo que funerárias não credenciadas atuassem na cidade.
A denúncia foi formalmente apresentada à 1ª Delegacia de Polícia Civil de Valparaíso de Goiás e encaminhada à Promotoria de Justiça para apuração. E no Ministério Público do Estado de Goiás em 17 de janeiro de 2022 (FOTO).
Um pouco antes dos prazos eleitorais e na tentativa de “lavar as mãos”, Pábio Mossoró demitiu em massa os servidores ligados ao ex-secretário Zé Antônio, o Zé Leso. Parece que o prefeito quer mostrar que o antigo “parça” nunca existiu. A questão é: alguém ainda cai nessa tentativa desesperada de apagar o passado?
A história recente de Valparaíso não pode cair no esquecimento sob pena do povo pagar por tamanho descaso. Um candidato cobra “cinquentinha” e outro mil por defunto?
Por: Hamilton Silva é editor-chefe do Portal DFMobilidade e atua como jornalista há 13 anos. É economista desde 1998, formado pela Universidade Católica de Brasília e pós-graduado em gestão pública