Detran está de olhos nos registros de acidentes envolvendo quem anda de bicicleta; quer cuidar e valorizar o ciclista
Quando um veículo em alta velocidade ultrapassa uma bicicleta em movimento, a pressão provocada pelo deslocamento – ou “ondas” – de ar pode facilmente desestabilizar o ciclista, levando-o à queda em pleno trânsito de automóveis. Se a distância entre os dois veículos for inferior a 1,5 metro, o risco de colisão é grande, colocando em sério risco o menor, que está sobre duas rodas. Sem contar a necessidade do respeito às prioridades em vias de trânsito e o respeito às ciclofaixas, exclusivas à circulação das bicicletas.
Atento a esses registros de acidente envolvendo e vitimando ciclistas, o Governo do Distrito Federal (GDF), por meio do Departamento de Trânsito (Detran-DF), prepara uma campanha de educação no trânsito para estimular a valorização e o cuidado com os condutores das bikes. Com isso, o órgão quer também estimular o uso do transporte não poluente em Brasília.
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“Mais do que um administrador de veículos, o Detran é um administrador de vidas”Zélio Maia, diretor-geral do Detran-DF
Com a flexibilização das regras de isolamento durante a pandemia de Covid-19, aumentou a venda de bicicletas nas lojas especializadas, tanto em Brasília como no restante do país. O veículo, cujo uso foi liberado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mesmo durante da crise sanitária, virou uma opção mais segura para a pratica de atividades físicas ao ar livre – já que as academias estavam fechadas – e uma alternativa para se locomover sem usar o transporte coletivo e, consequentemente, evitar o risco do contato com outras pessoas.
Levantamento da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas Aliança Bikes registrou um aumento médio de 50% das vendas no país, entre maio e junho deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. Em julho o crescimento foi ainda mais surpreendente: 118%.
Estima-se que cerca de 100 mil ciclistas circulam pelas 33 regiões administrativas do DF
Há oito anos à frente da Família Maximus do Pedal, o gerente de suporte em TI Max Djamys, de 45 anos, lidera um dos 150 grupos organizados de ciclistas que circulam pelo Distrito Federal. Ao reconhecer a evolução da malha cicloviária do DF, ele ressalta a importância de constantes investimentos, tanto em infraestrutura quanto em educação, já que o número de usuários de bicicletas vem crescendo significativamente.
Um dos pontos cruciais para o bom proveito do modal é a falta de compreensão dos condutores de veículos motorizados, que se irritam com os grandes grupos que reunia – antes da pandemia – centenas de ciclistas em passeios noturnos. “Uma grande parte apoia, mas há quem se irrite, xingue, jogue coisas ou buzine em protesto por acreditar que estamos atrapalhando o trânsito dos carros e motos”, relata Max.
Mudar concepção
Com mais gente nas ruas andando de bicicleta, o Detran-DF aposta que é hora de lembrar os motoristas e motociclistas que o cuidado com o “mais fraco” não deve sair de pauta, o que já está previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). E é por isso que o órgão aposta em uma campanha educativa, ainda em fase de produção.
“Mais do que um administrador de veículos, o Detran é um administrador de vidas”, garante o diretor-geral do órgão Zélio Maia que, além de dirigir, também se desloca pela cidade de bicicleta. “A gente só muda o cidadão se mudarmos a concepção. Acredito que todo o motorista deveria ser ciclista para entender essa importância.”
Pistas do Parque da Cidade
No Distrito Federal, estima-se que cerca de 100 mil ciclistas circulam pelas 33 regiões administrativas, seja a lazer ou utilizando o veículo de propulsão humana como meio de transporte. O Parque da Cidade Dona Sarah Kubitscheck é um dos espaços mais procurados, inclusive para atletas em treinamento.
De olho na segurança desses ciclistas, a Secretaria de Esporte e Lazer prevê o aporte de R$ 4 milhões de recursos federais para recuperação das ciclovias e pistas de corrida e caminhada.
“O Parque da Cidade é o ‘pulmão’ de Brasília. Quem opta por ele para praticar atividades físicas, seja a pé ou de bicicleta, precisa encontrar vias mais regulares, bem sinalizadas e seguras”, aposta a secretária de Esporte do DF, Celina Leão.