Coluna de Opinião | Por Hamilton Silva
Bia Kicis e a miragem senatorial: o PL já puxou o freio
Há desejos que o tempo amadurece. Outros, o partido poda antes de florescer. No caso de Bia Kicis, o sonho de conquistar uma das duas cadeiras no Senado Federal virou miragem — dessas que somem assim que o sol da realidade política esquenta demais. A Executiva Nacional do Partido Liberal (PL) foi clara como cristal do cerrado: “PRECIPITADA”, a deputada federal pode até sonhar com o Senado, mas não com a legenda. Se insistir, que prepare os joelhos — porque o partido já deixou a porta da Câmara dos Deputados entreaberta como única saída digna.
Valdemar da Costa Neto vai soltar uma nota oficial em breve logo após uma conversa olho no olho e saber por qual razão Bia se antecipou e anunciou sua pré-candidatura. TODAVIA…
É o famoso “pode ir, mas vai sem nós”.
Na prática, o recado do PL foi mais simbólico que qualquer pesquisa de intenção de voto: Kicis está fora do páreo majoritário. E não por falta de competência retórica ou de base fiel, mas porque o jogo é maior que ela — e a mesa já está ocupada. Ibaneis Rocha surge como um touro político, com estrutura, vitórias acumuladas e apoio amplo. Se Michelle Bolsonaro decidir entrar, então é xeque-mate. Sobram aplausos, mas não cadeiras.
A verdade é que Kicis sempre foi mais flecha do que alvo. No plenário da Câmara, lança suas pautas como dardos ideológicos, conquista espaço com ousadia e se faz ouvir. No Senado, no entanto, os dardos se perdem no veludo do tapete azul do Salão Negro. Lá, vira coadjuvante de luxo — ou, pior, figurante.
A parlamentar, que já presidiu a CCJ e liderou debates acalorados sobre voto impresso e liberdade de expressão, tem brilho próprio. Mas até as estrelas sabem quando é hora de permanecer em órbita estável. Ir para o Senado, neste momento, seria como abandonar um palco onde é protagonista para tentar um lugar na plateia de luxo — sem convite.
Com um quadro político completamente diferente pós eleições de 26 Bia se cacifaria em voos ainda mais alto na Câmara dos Deputados como sendo uma das parlamentares mais influentes do Brasil.
A decisão do PL foi, no fundo, um gesto de preservação. Preservação da bancada, da imagem do partido, do capital político. E talvez, ironicamente, da própria Bia. Porque há quedas que não deixam marcas… e há outras que enterram reputações.
Se quiser continuar relevante, que aceite o recado com inteligência. Voltar à Câmara dos Deputados em 2026, com força redobrada, pode ser não apenas o caminho mais prudente — mas o único. Afinal, como ensina a velha política: quem não tem legenda não se elege. E quem briga com o partido, perde o microfone antes mesmo de subir no palanque.