O Banco Central, hoje comandado pelo aliado do Planalto Gabriel Galípolo, indeferiu a compra do Banco Master pelo BRB. Fez isso sem expor publicamente as razões técnicas no ato — e num movimento que contraria o mercado, que havia visto valor estratégico claro na operação.
Ponto a ponto — por que a decisão do BC soa política e ruim para o DF
- Falta de transparência: o indeferimento saiu, mas o detalhe dos “fundamentos” ficou para depois. Processo regulatório exige motivação clara, ainda mais quando envolve banco público e impacto regional. O próprio fato relevante do BRB registra que o banco pediu acesso à íntegra da decisão.
- Autonomia “no papel”: a Lei Complementar 179/2021 deu mandato fixo e blindagem formal ao BC. Na prática, porém, com Galípolo — indicado por Lula e já aprovado pelo Senado — a autarquia passou a ser percebida como mais permeável ao humor político do Planalto. A escolha foi tratada pela imprensa internacional como de um aliado. Autonomia legal não é sinônimo de independência de fato.
- Contramão do mercado: quando o negócio foi anunciado, as ações do BRB praticamente dobraram, reflexo de leitura positiva de sinergias e expansão nacional — um voto de confiança que não se dá a aventuras.
O que havia de sólido no negócio — Estrutura com filtros: o BRB negociou apenas os ativos “saudáveis e estratégicos”, deixando fora precatórios e carteiras mais arriscadas. Nada de “cheque em branco”.
— Opiniões favoráveis qualificadas: Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, avaliou que a operação poderia “beneficiar todos” e aumentar a competição — exatamente o que um regulador deveria prezar.
Quem opera contra — e por quê Erika Kokay (PT) politizou a pauta e celebrou o veto à expansão do BRB, falando em “ataque” e “cumplicidade”. Não apresentou um estudo técnico (apesar de ter informações e apoio do Sindicato do Bancários) que desmonte a tese de valor do negócio — preferiu o palanque.
Chico Vigilante (PT) passou semanas empilhando ofícios e posts alarmistas, vendendo a imagem de que o BRB viraria “bazar”. Fiscalizar é dever; caricaturar, não. Faltou demonstrar, com números, onde exatamente está o risco sistêmico que justificasse matar a operação.
Ricardo Cappelli, hoje presidente da ABDI, adotou cruzada midiática e judicial — com lives, reels e pressão sobre órgãos federais — para barrar o negócio. Barulho não substitui análise de risco e viabilidade.
Contexto que a esquerda “esquece”: O DF já pagou caro por interferências políticas nocivas em banco público. A Operação Circus Maximus, deflagrada em 29 de janeiro de 2019, mirou a cúpula do BRB por irregularidades na gestão ligada ao período Rollemberg e resultou em prisões e denúncias — um retrato de como a captura política deturpa a missão de um banco estatal. É justamente o oposto do que propunha a compra: governança, escala e competição.
O veredito: Ao travar o negócio sem explicitação imediata dos critérios, o Banco Central — que deveria ser anticíclico à pressão política — passou recibo de alinhamento. A decisão derruba um projeto de expansão que tinha desenho prudente, respaldo de analistas e leitura positiva do mercado. Para o DF, significa menos crédito, menos competição e menos protagonismo financeiro. Para quem preferiu o grito ao dado, é vitória. Para o contribuinte e para o sistema, é derrota.
Os ataques contra Brasília, contra os bancários do BRB que perdem uma oportunidade singular, continuam e por todos lados.
Por: Hamilton Silva – Editor-chefe do DFMobilidade, jornalista e economista. Diretor da Associação Brasileira dos Portais de Notícias (ABBP). Já atuou como comentarista na Rádio Metropóles e na TV Genêsis.