Emendas no embalo da CPMI do INSS: PDT puxa fila com R$ 18,1 milhões, e Leila Barros vira símbolo do desconforto
A instalação da CPMI do INSS, em 20 de agosto, coincidiu com uma enxurrada de emendas liberadas pelo governo a seus titulares: mais de R$ 200 milhões entre pagamentos e empenhos só de 1º a 22 de agosto, segundo levantamento da coluna de Cláudio Humberto. No pelotão da frente, a tropa do PDT faturou R$ 18,1 milhões — um timing que, no mínimo, desafia a boa-fé do calendário orçamentário.
O destaque político recai sobre a senadora Leila Barros (PDT-DF), titular da CPMI e hoje uma das vozes mais visíveis do partido no Senado. Com o PDT “liderando” as liberações no mês inaugural dos trabalhos, Leila vira a vitrine do constrangimento: como cobrar respostas firmes do governo enquanto sua sigla colhe o maior quinhão de verbas no exato momento em que a comissão abre os holofotes? A pergunta é incômoda — e legítima.
A senadora do DF teve nesses oito anos de mandato uma pífia participação no Senado Federal e tenta sua reeleição no pleito de 2026.
A composição oficial da CPMI confirma Leila Barros entre os 16 titulares do Senado; integram ainda o time pedetista a senadora Ana Paula Lobato (MA) e o deputado Mário Heringer (MG). Do outro lado, chama atenção que a proponente da investigação, deputada Coronel Fernanda (PL-MT), não teve nada pago ou empenhado no período — exceção que realça o padrão geral. estouro do escândalo dos descontos indevidos sobre aposentadorias; Wolney Queiroz assumiu a pasta. A investigação da PF e da CGU estima o rombo em bilhões, com milhões de beneficiários atingidos por cobranças associativas não autorizadas. É justamente esse rastro que a CPMI, presidida por Carlos Viana (Podemos-MG) e relatada por Alfredo Gaspar (União-AL), diz que pretende destrinchar em 180 dias.
O problema é a forma. Emenda parlamentar é instrumento legítimo; o que fede é a sincronia. Quando o partido de um ex-ministro que “caiu” no caso lidera liberações no mês de estreia da comissão, a aparência de conflito se impõe — e ela já basta para corroer a confiança pública. A CPMI nasceu para devolver dignidade a aposentados lesados; não para produzir mal-entendidos rentáveis.
O que falta explicar (com planilha na mão)
-
Quem recebeu quanto, em que data e com qual rubrica.
-
Quais critérios técnicos pautaram a priorização de pagamentos.
-
Quais salvaguardas existem para blindar o trabalho da CPMI de pressões orçamentárias.
O outro lado
A Casa Civil e a liderança do governo podem — e devem — apresentar a justificativa do cronograma. A senadora Leila Barros e a bancada do PDT também têm espaço aberto para se manifestar.
Quem é a “tropa do PDT” na CPMI
— Leila Barros (PDT-DF), titular (Senado).
— Ana Paula Lobato (PDT-MA), titular (Senado).
— Mário Heringer (PDT-MG), titular (Câmara).
Hamilton Silva é jornalista e economista formado pela Universidade Cátolica de Brasília, é diretor da Associação dos Portais de Notícias (ABBP) e vice-presidente do Rotary Club de Brasília