Pesquisa Exata (11 a 18 de agosto, entrevistas presenciais) indica, no cenário estimulado, os nomes com mais fôlego hoje para a Câmara dos Deputados pelo DF. Resultado: Bia Kicis (PL) 10,1%; Fred Linhares (Republicanos) 9,4%; Joaquim Roriz Neto (PL) 8,5%; Érika Kokay (PT) 7,2%; Alberto Fraga (PL) 5,5%. Em seguida, aparecem Cristovam Buarque (Cidadania) 4,9%; Rodrigo Rollemberg (PSB) 4,2%; Fábio Félix (PSOL) 4,2%; Rafael Prudente (MDB) 3,4%; e Agnelo Queiroz (PT) 2,6%. Segundo seus planos atuais, Fred Linhares e Fraga tendem a disputar reeleição; Roriz Neto mira novo mandato distrital; Bia Kicis e Érika podem mirar o Senado dependendo das composições partidárias em nível nacional.
Os tropeços da esquerda
Os nomes de esquerda listados pela pesquisa carregam desgaste e contradições que pesam no DF. Érika Kokay (PT) mantém nicho fiel, mas enfrenta rejeição crescente em segmentos que cobram segurança pública, eficiência fiscal e menos guerra ideológica. Fábio Félix (PSOL), recordista de votos para a CLDF em 2022, conserva visibilidade, porém sua pauta identitária encontrou teto — o eleitorado cobrou mais entrega concreta do que sinalização de virtude. Já Cristovam Buarque (Cidadania), veterano da política, segue conhecido, mas sua trajetória zigzagueante virou passivo entre progressistas e moderados.
Mini biografias e passivos dos ex-governadores
• Agnelo Queiroz (PT) — médico, ex-ministro do Esporte (2003–2006), governador do DF (2011–2014). Seu governo ficou marcado por denúncias e operações policiais; em 2017, foi preso no âmbito da investigação sobre sobrepreço no Mané Garrincha. Até hoje, o legado é associado a escândalos e má gestão, o que ajuda a explicar o tímido 2,6%.
• Cristovam Buarque (Cidadania) — economista, professor e ex-reitor da UnB, governador do DF (1995–1998), ministro da Educação (2003–2004) e senador por 16 anos. Notabilizado pela defesa da educação básica, acumulou controvérsias: trocas de partido, apoio ao impeachment de Dilma e um discurso visto como acadêmico demais para problemas urgentes do DF.
• Rodrigo Rollemberg (PSB) — ex-deputado federal, ex-senador e governador do DF (2015–2018). Enfrentou crise hídrica, greves e impopularidade elevada; para a maioria dos brasilienses, tornou-se o “pior governador do DF” pela sensação de paralisia e desgaste social. Mesmo com 4,2%, carregará esse fardo na campanha.
O fator Arruda no tabuleiro
Embora esteja listado entre os pré-candidatos ao GDF, aliados de José Roberto Arruda testam nos bastidores a hipótese de deslocá-lo para a disputa de deputado federal — movimento que, se confirmado, pode embaralhar a disputa. Com histórico de condenações que o enquadraram na Lei da Ficha Limpa (o rótulo “ficha suja” que marcou ciclos anteriores), Arruda volta a circular com força no imaginário do eleitor conservador, onde soma recall e rede política. Em bom “brasíliazês”: se ele virar a chave para a Câmara, entra no pelotão de frente na largada.
Quem larga melhor
No campo não alinhado à esquerda, a pesquisa expõe tração orgânica — Kicis, Linhares, Roriz Neto e Fraga ocupam as primeiras posições com agendas mais conectadas a segurança, costumes e gestão. Do outro lado, a esquerda aparece espalhada entre perfis antigos e novos, mas sem um nome que empurre a fila com poder de agregação no DF. Em política, quem explica mal, cai mal — e o eleitor do DF está avaliando com régua de entrega, não de discurso.
Créditos da pesquisa: Exata, presencial, 11 a 18 de agosto (levantamento estimulado).
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Por: Hamilton Silva
Jornalista, economista e editor-chefe do DFMobilidade. Vice-presidente do Rotary Club de Brasília e diretor da ABBP.
