Durante o debate “Camaradagem e Organização Política para uma Transformação Radical” com a professora Jodi Dean, José Dirceu destacou a necessidade de reformas profundas no Brasil e os desafios enfrentados pelo terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Dirceu enfatizou que o Partido dos Trabalhadores (PT) precisa governar por mais 12 anos para implementar mudanças estruturais significativas.
Zé Dirceu ressaltou que o PT sempre teve um projeto político sólido, essencial para o Brasil. “Naquela época, em 1989, o PT aspirava governar o Brasil. Finalmente governou a partir de 2002. Hoje, infelizmente, a situação é muito pior. Não somente pela força da direita, pelo conservadorismo e pela conjunção contrarrevolucionária no mundo, mas também porque governamos sem maioria no Parlamento”, afirmou.
Ele criticou a pressão para que o governo aceite soluções liberais e destacou a importância de reformas como a do Imposto de Renda e a tributação de lucros e dividendos, essenciais para combater a concentração de renda e o rentismo. “Portanto, as reformas que precisamos de fazer necessitam de uma mobilização e de outro resultado eleitoral. Então, qualquer projeto político tem que pensar em 12 anos”, declarou.
Dirceu alertou que, sem essa perspectiva de longo prazo, será difícil superar os obstáculos estruturais do Brasil. “Se continuarmos pensando no governo Lula agora, temos que pensar daqui a 12 anos. Não vamos resolver agora as reformas estruturais do programa Lula. Teremos que sobreviver com este governo, vencer as eleições de 2026 e mudar o equilíbrio de poder no Congresso.”
Ele também mencionou o desafio da renovação dentro do PT, considerando a idade avançada de líderes históricos. “Depois de Lula e de toda uma geração da qual faço parte, tenho 78 anos, Lula faz 79 agora em outubro. E alguns de nós já, Olívio Dutra, Ruy Falcão, eles já têm mais de 80 anos. Então, também há um problema sério no PT de renovação, das novas gerações.”
Dirceu concluiu destacando a necessidade de apoio ao governo de Lula frente a um cenário de extrema direita fortalecida e instituições brasileiras desafiadoras. “Temos que ajudar o presidente Lula a governar o Brasil, porque a relação de poder é muito desfavorável.”
