Em uma medida que promete abalar as relações comerciais internacionais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (10) a imposição de tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. A decisão afeta diretamente o Brasil, um dos principais fornecedores desses produtos para o mercado norte-americano.
A justificativa apresentada pela administração Trump baseia-se na Seção 232 da Lei de Expansão Comercial, que permite ao presidente impor restrições comerciais por motivos de segurança nacional. Segundo o governo norte-americano, a medida visa proteger os produtores domésticos e reduzir a dependência de importações. “As tarifas de aço e alumínio 2.0 acabarão com o dumping estrangeiro, impulsionarão a produção doméstica e protegerão nossas indústrias de aço e alumínio como a espinha dorsal e as indústrias-bases da segurança econômica e nacional dos Estados Unidos”, declarou Peter Navarro, conselheiro de Trump na área de comércio.
O Brasil, que exportou aproximadamente US$ 5,7 bilhões em ferro fundido, ferro e aço para os EUA em 2024, sendo este o principal destino desses produtos, enfrenta agora um cenário desafiador. O governo brasileiro, por meio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que aguardará a implementação efetiva das medidas para se manifestar. “Vamos aguardar a orientação do presidente da República para o governo se manifestar somente depois das medidas efetivamente implementadas”, disse Haddad.
Especialistas apontam que a decisão pode ter impactos significativos na indústria siderúrgica brasileira. Rodolpho Damasco, sócio da Nomos Investimento, destaca que empresas como CSN, Usiminas e Vale podem ser prejudicadas devido à dependência do mercado americano para escoar parte de sua produção. Por outro lado, a Gerdau, que possui operações nos EUA, poderia mitigar os efeitos negativos atendendo à demanda local sem depender de exportações.
A comunidade internacional também reagiu à medida. Países como Canadá, México, Brasil, China, Coreia do Sul, Alemanha e Japão estão entre os principais afetados. A União Europeia expressou preocupação com possíveis retaliações e o risco de uma guerra comercial ampliada. A economista Alicia Coronil observa que, embora a medida afete diversos países, a China pode ser a mais impactada, dado seu papel dominante na produção global de aço e alumínio.
Analistas alertam para possíveis consequências econômicas, como aumento nos custos para fabricantes e consumidores americanos, além de potenciais represálias de parceiros comerciais. A medida também pode elevar os preços internos nos EUA, contribuindo para a inflação. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) reconhece os impactos negativos, mas acredita que o Brasil poderá obter algumas concessões, especialmente devido à exportação de produtos semiacabados que passam por processos de industrialização em empresas norte-americanas.
Este movimento de Trump marca uma escalada em sua política comercial protecionista, relembrando medidas semelhantes adotadas em 2018. Naquela ocasião, o Brasil conseguiu negociar isenções e cotas para mitigar os efeitos das tarifas. Resta saber quais serão os desdobramentos desta nova imposição tarifária e como o Brasil e outros países afetados irão responder.