Entre impunidade e ativismo: a democracia brasileira em xeque
Nas últimas duas décadas, o pacto democrático do Brasil sofreu sucessivos abalos. Escândalos de corrupção, do mensalão à Lava Jato, corroeram a confiança dos cidadãos em seus representantes eleitos. Partidos tradicionais mostraram-se reféns de interesses inconfessáveis, enfraquecendo a política como ferramenta de mediação social.
Em contrapartida, o Judiciário parece ter assumido um protagonismo excessivo. Decisões de instâncias superiores passaram a moldar – e, por vezes, a travar – agendas legislativas, com mandados de prisão em segunda instância, conduções coercitivas e intervenções federais que atravancam o funcionamento normal dos Poderes. Não é a primeira vez que The Economist chama atenção para o ativismo judicial: em edições recentes, a revista já criticou decisões do STF por ultrapassarem os limites constitucionais e por interferirem na estabilidade institucional.
O resultado é uma democracia desequilibrada, atormentada tanto pela leniência com políticos que escapam ilesos de esquemas de corrupção quanto por juízes que extrapolam seus poderes. Para que o Brasil reencontre estabilidade, será preciso um pacto de ajustes mútuos: partidos mais transparentes e responsáveis, e tribunais que exerçam seu papel de guardiões da lei sem usurpar funções alheias.
Nesta análise, publicada pela revista britânica The Economist, os editores brasileiros traçam um diagnóstico sombrio: a democracia do país perdeu fôlego nos últimos vinte anos, corroída tanto por políticos corruptos quanto por um Judiciário que se arroga poderes excessivos.
Escândalos como o mensalão e a Lava Jato abalaram a confiança dos cidadãos em seus representantes, expondo um sistema partidário refém de interesses obscuros. Enquanto isso, o Supremo Tribunal Federal tem ampliado seu protagonismo — de prisões em segunda instância a conduções coercitivas e intervenções federais —, muitas vezes ultrapassando as fronteiras definidas pela Constituição.
Não é a primeira vez que The Economist critica o ativismo judicial no Brasil: edições anteriores já alertaram que decisões do STF vinham minando a separação de Poderes e criando precedentes perigosos para a estabilidade institucional. O resultado é um desequilíbrio permanente, em que políticos se esquivam da culpa e juízes atuam como legisladores de fato.
Para que o país retome um caminho sustentável, conclui a revista, será necessário que partidos adotem práticas de maior transparência e responsabilidade — e que o Judiciário volte a exercer seu papel de guardião da lei, respeitando os limites impostos pela democracia.
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