Tribunal aponta riscos graves ao Banco do Brasil e prejuízo de R$ 14 bilhões no Plano 1
O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou, em caráter de urgência, a abertura de uma auditoria para investigar a gestão da Previ, o fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil. A decisão ocorre após a constatação de um prejuízo expressivo no Plano 1, principal carteira de benefícios da instituição, que acumulou perdas de R$ 14 bilhões apenas em 2024.
A medida foi proposta pelo ministro do TCU Augusto Nardes e contou com o apoio de outros ministros da corte, incluindo Antonio Anastasia e Jorge Oliveira. Durante a sessão, o ministro Benjamin Zymler destacou que há “indícios robustos de má gestão e necessidade de intervenção para evitar maiores danos ao fundo e aos beneficiários”.
O ministro Weder de Oliveira, relator do processo, também endossou a urgência da auditoria, ressaltando que a gestão da Previ precisa ser analisada com rigor. “A solvência do Plano 1 está diretamente ligada à segurança previdenciária de milhares de servidores do Banco do Brasil. Qualquer erro administrativo pode ter impactos severos para aposentados e pensionistas”, afirmou Oliveira.
Risco para o Banco do Brasil
Outro ponto crítico levantado pela auditoria do TCU é a possível repercussão do prejuízo sobre o próprio Banco do Brasil. O ministro Bruno Dantas alertou que o banco estatal pode ser impactado caso seja necessário socorrer o fundo de pensão. “A perspectiva de danos graves é real. O Banco do Brasil pode ser chamado a cobrir déficits, comprometendo sua saúde financeira e a confiança dos investidores”, advertiu.
O Plano 1 da Previ, um dos maiores fundos de pensão do país, possui cerca de 100 mil participantes, entre aposentados e pensionistas. Desde 2013, o fundo vem enfrentando dificuldades com oscilações do mercado e investimentos que não renderam conforme o esperado.
A auditoria do TCU deverá analisar a alocação de ativos da Previ, a estratégia de investimentos e a governança da instituição nos últimos anos. O prazo para conclusão do relatório preliminar é de 90 dias, podendo ser prorrogado conforme a necessidade das investigações.
Impacto político e sindical
A abertura da auditoria gerou forte repercussão entre entidades sindicais e associações de funcionários do Banco do Brasil. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e a Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (Anabb) manifestaram preocupação com o impacto da investigação e cobraram transparência na gestão da Previ.
O caso também tem desdobramentos políticos. Parlamentares de oposição já se movimentam para convocar audiências públicas no Congresso e cobrar explicações da direção do Banco do Brasil e do Ministério da Fazenda. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) classificou o prejuízo como “alarmante” e defendeu uma reestruturação na governança da Previ.
Por outro lado, o governo federal tem adotado cautela ao comentar o assunto. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que acompanha a situação, mas que eventuais medidas só serão tomadas após a conclusão da auditoria do TCU.
Próximos passos
A auditoria do TCU deverá focar em três principais frentes:
- Análise dos investimentos da Previ: verificar se houve má alocação de recursos e se as perdas foram consequência de decisões equivocadas da gestão.
- Governança e transparência: apurar se houve conflitos de interesse, interferência política ou falhas nos processos de decisão.
- Impacto no Banco do Brasil: avaliar a possibilidade de necessidade de aporte financeiro por parte do banco estatal.
Caso irregularidades sejam confirmadas, o TCU poderá recomendar medidas corretivas, aplicação de sanções aos responsáveis e até mesmo a intervenção na gestão da Previ.
A expectativa é que as primeiras conclusões da auditoria sejam divulgadas já no primeiro trimestre de 2025. Enquanto isso, os participantes do fundo acompanham com apreensão o desenrolar do caso, temendo que o prejuízo bilionário afete suas aposentadorias e benefícios.