O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a Corrida e Caminhada “MEC 95 anos”, realizada neste domingo (28) na Esplanada, para repetir o bordão de que “é por meio da educação que a gente vai tornar o Brasil soberano”. O evento reuniu cerca de 6 mil inscritos e teve largada em frente ao edifício-sede do ministério, com percursos de 3, 5 e 10 km. Festa bonita. Resultados, nem tanto.
Enquanto o Planalto celebra “soberania educacional” em vídeo e fotos oficiais, os indicadores contam outra história: em 2024, apenas 59,2% das crianças da rede pública foram alfabetizadas até o fim do 2º ano — pouco acima dos 56% de 2023. Ou seja, quatro em cada dez alunos seguem sem o mínimo esperado. Soberania que não chega à sala de aula continua sendo slogan.
No ensino fundamental e no médio, o Ideb segue estagnado ou abaixo do necessário: anos finais da rede pública com 4,7 em 2023, e ensino médio geral em 4,3. Melhorias tímidas em fluxo, piora em aprendizagem — o país não aprende o suficiente, apenas avança de ano.
Há ainda o rastro da greve nas federais em 2024, com reposições empurradas para 2025, orçamento remendado a conta-gotas e decretos de programação que limitaram o ritmo de empenhos até meados deste ano. A retórica corre; a execução anda.
O governo sustenta que recompôs recursos e ampliou programas, além de reservar R$ 226 bilhões à Educação na LOA 2025. É verdade. Mas sem meta clara de aprendizagem por série, método e cronograma para reduzir a defasagem idade-série e recuperar perdas pós-pandemia, o volume de dinheiro vira corrida sem linha de chegada.
No palanque esportivo, Lula contrapôs “caminhada” a “motociata”. Na prática, a disputa relevante não é estética — é entre propaganda e entrega. Soberania educacional não se conquista com medalha de participação; exige alfabetização universal aos 7 anos, ensino médio com aprendizagem real e universidades sem paralisia crônica. O resto é troféu de selfie.
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