Em meio à escalada regional contra o narcotráfico — com os Estados Unidos enviando oito navios de guerra ao Caribe em “operação reforçada” antidrogas e mirando a estrutura do chamado Cartel de los Soles — a Polícia Federal deflagrou hoje uma das maiores ações do país contra o crime organizado, alcançando alvos ligados a fraudes e lavagem na cadeia de combustíveis.
A ofensiva da PF, batizada de Operação Carbono Oculto, mira um esquema bilionário de distribuição/adulteração, sonegação e blindagem patrimonial que movimentou mais de R$ 23 bilhões em oito estados, com 42 alvos só na Faria Lima, em São Paulo, e apoio da Receita Federal e Ministérios Públicos.
No tabuleiro externo, a Casa Branca ampliou a pressão: além do deslocamento naval, o governo dos EUA elevou a recompensa por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro para até US$ 50 milhões e, em julho, classificou o Cartel de los Soles como entidade terrorista global. A Argentina, por sua vez, incluiu o grupo no registro de organizações terroristas.
Leitura política: a coincidência de tempos — endurecimento dos EUA e vizinhos, seguido de megaoperação doméstica — aumenta a cobrança por resultados internos e por cooperação internacional efetiva. A PF fala em asfixiar o caixa do crime; caberá ao governo federal mostrar consistência na ponta: denúncia sólida, recuperação de ativos e reforma regulatória para fechar brechas no setor de combustíveis.
O que observar a seguir • Desdobramentos judiciais (prisões preventivas, denúncias e bloqueios).
• Novas sanções e cooperação com EUA/Argentina em alvos financeiros e logísticos.
• Impacto no abastecimento e preços se distribuidoras forem afetadas.
Por: Hamilton Silva é jornalista e economista, editor-chefe do DFMOBILIDADE
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