A decisão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de marcar para 10 de dezembro a sabatina de Jorge Messias — indicado por Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF) — apertou o cronograma político do Planalto e reduziu drasticamente o tempo de articulação do advogado-geral da União com os senadores. O curto intervalo de pouco mais de duas semanas limita a capacidade de Messias de construir apoios, num ambiente de crescente desgaste entre o Congresso e o governo federal.
O clima é considerado desfavorável até mesmo por aliados do Palácio do Planalto. Parlamentares avaliam que a escolha de Messias chega em momento inoportuno, com o Senado reagindo ao acúmulo de atritos com o Executivo, especialmente em temas orçamentários e na liberação de emendas. O próprio Alcolumbre, responsável por conduzir o processo, enfrenta críticas de parte da base governista por não ampliar o prazo para articulações mais sólidas.
Comparações inevitáveis ajudam a dimensionar o desafio. Cristiano Zanin, indicado por Lula em junho de 2023, teve 20 dias para negociar apoios e acabou aprovado por 58 votos a 18 — com folga confortável. Já Flávio Dino, sabatinado em dezembro do mesmo ano, enfrentou ambiente mais hostil, mas ainda favorável ao Planalto, sendo confirmado por 47 votos a 31. Messias, por sua vez, deve encarar um Senado mais impaciente e dividido, num cenário político marcado pelo enfraquecimento da base governista e pelo distanciamento de antigos aliados.
A avaliação nos bastidores é de que Lula aposta na fidelidade pessoal de Messias e na influência de Alcolumbre, mas o resultado da votação permanece incerto. A pressa na tramitação e o desgaste com o Congresso podem transformar a sabatina de 10 de dezembro em mais um teste de resistência para o governo.
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