A venda de bares e restaurantes despencou 4,9% em setembro na comparação com agosto e 3,9% contra setembro de 2024, segundo o Índice Abrasel-Stone. O tombo foi puxado pelo medo do consumidor após a onda de intoxicações por metanol em bebidas adulteradas e pelo encarecimento da alimentação fora do lar. As maiores quedas mensais ocorreram em Roraima (-11,5%), Pará (-9,9%), Rio de Janeiro e Santa Catarina (-7,6%) e Paraíba e Sergipe (-7%). Apenas Maranhão (+2,6%) e Mato Grosso do Sul (+1%) cresceram.
A crise sanitária não é boato. O Ministério da Saúde confirmou 46 casos de intoxicação por metanol até 18 de outubro, com registros concentrados em São Paulo, que mantém gabinete de crise e operações de apreensão e destruição de bebidas suspeitas. Na prática, o consumidor recuou — e o setor pagou a conta.
Há também pressão no bolso: a inflação de refeições fora de casa superou o índice geral no acumulado de 12 meses, corroendo margem e tíquete médio. Resultado: mesas vazias, faturamento menor e empresários acionando o modo sobrevivência.
O governo federal acerta ao apoiar ações de fiscalização, mas falha no básico: coordenação nacional ágil entre Saúde, Anvisa, Receita e forças policiais para atacar a cadeia de falsificação, desde a importação/uso ilegal do metanol até o envasamento e a distribuição clandestina. Enquanto a resposta integrada não for permanente — com rastreabilidade, punição efetiva e campanhas de informação claras — o medo continuará ditando o movimento do setor e empurrando milhares de pequenos negócios para o sufoco.
O que esperar agora. Analistas do mercado de pagamentos ouvidos pelo índice veem efeito “pontual” se a fiscalização se mantiver firme e a comunicação ao público for transparente. Outubro e novembro, com datas de consumo, podem amenizar as perdas — desde que a sensação de segurança volte ao balcão.
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