O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, atribuiu nesta sexta-feira (31/1) o deficit de 3,2 bilhões na estatal à taxa imposta pela Fazenda a compras internacionais e a precatórios de gestões passadas.
Fabiano esteve no Palácio do Planalto para apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o balanço da empresa e as ações em rumo para tentar tornar a estatal lucrativa. A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, também esteve presente.
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“Essa prévia se refere a um contexto específico, que foi a regulamentação, o compliance que foi dado a essas compras internacionais. Isso teve um impacto significativo na nossa empresa. E também precatórios que são fruto de gestões anteriores e que hoje estão contabilizados no nosso resultado”, explicou Fabiano após o encontro com Lula.
Balanço divulgado nesta quinta-feira (30) pelo Ministério da Gestão e Inovação mostrou um deficit de R$ 3,2 bilhões nas contas dos Correios em 2024, o que representa metade de todo o deficit das estatais — excluindo grandes companhias como a Petrobras e o Banco do Brasil.
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Segundo Fabiano e a ministra Esther, o resultado é prévio, e o valor consolidado só será conhecido em março, mas deve ser próximo da estimativa atual. O presidente dos Correios argumentou que a empresa ainda sofre os impactos de ter sido colocada no rol de privatizações pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), e que trabalha para que ela se torne lucrativa ainda em 2025.
“Era uma empresa que estava para ser privatizada, que foi colocada na bacia das almas, e isso traz efeitos que são importantes na empresa, e são esses efeitos que a gente está combatendo hoje”, disse Fabiano.
“A gente tem sim um plano, que já está em andamento e que a gente está reformulando junto com a ministra Esther, ministro Juscelino (Filho, das Comunicações) e ministro (Fernando) Haddad (da Fazenda). A gente vai divulgar tudo”, explicou ainda.
Sobre as ações já em andamento, Fabiano disse que a estatal trabalha para cortar gastos, com relicitações, aberturas de concurso e revisões de contrato, por exemplo, mas também para aumentar a receita com investimentos em novas áreas do mercado nacional, especialmente na parte logística.
Ministra nega haver rombo
Sobre o deficit, a ministra Esther negou haver “rombo” na estatal, explicando que o balanço fiscal não afeta os cofres públicos — uma vez que os Correios não recebem aportes do Tesouro e operam com recursos próprios.
“É muito importante lembrar que não tem rombo. Das 11 empresas que têm deficit que foram divulgadas hoje, nove têm lucro. Segundo, o Tesouro não vai arcar com isso”, enfatizou a ministra. “Essa é a preocupação do presidente: se as empresas estão tendo lucro ou prejuízo. O deficit ou superavit é fluxo de caixa, e é uma outra discussão. Não impacta a dívida pública”, acrescentou.
Questionado, o presidente dos Correios não respondeu se espera lucro ou prejuízo para 2024, no resultado a ser divulgado em março.