O tradicional cafezinho, símbolo da cultura brasileira e presença garantida em lares e comércios, tornou-se um item de luxo para muitos brasileiros. O preço do café disparou nos últimos meses, gerando uma verdadeira dor de cabeça para consumidores e comerciantes. O quilo do grão, dependendo da marca, já ultrapassa a marca de R$ 50, um cenário que reflete o aumento expressivo no valor da saca de 60 kg paga aos produtores, que subiu 152% em um ano, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP.
Alta histórica e impacto no bolso
Em fevereiro de 2024, a cotação do café arábica estava em R$ 1.014,93. No entanto, em menos de um ano, o preço disparou, alcançando impressionantes R$ 2.565,86 neste mês, de acordo com o Cepea. O aumento expressivo preocupa não apenas pelo impacto direto no orçamento das famílias, mas também pela previsão de que o mercado continuará registrando novos aumentos, com uma possível estabilização em patamares elevados.
Causas da alta: clima e produção em xeque
O principal fator por trás dessa alta vertiginosa é a crise climática. A estiagem prolongada entre 2023 e 2024 afetou drasticamente as plantações de café em Minas Gerais, principal estado produtor do país. A falta de chuvas regulares comprometeu a produtividade, resultando em menor oferta do grão no mercado. Segundo Antônio Pitangui de Salvo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas (Sistema Faemg Senar), a seca enfrentada no último ano foi uma das mais duradouras da história, impactando severamente a produção agrícola.
Limitações do governo e o futuro incerto
O governo federal enfrenta limitações para conter a alta dos preços do café, já que o valor final pago pelo consumidor é determinado por fatores de mercado, como oferta, demanda e condições climáticas. A pressão sobre o setor cafeeiro é intensa, e não há soluções imediatas para reverter o quadro.
Enquanto isso, especialistas alertam que o consumidor precisará se preparar para conviver com preços elevados por um bom tempo. A combinação de condições climáticas adversas e instabilidade no mercado global sugere que o café, antes um item acessível, continuará sendo um luxo amargo para o bolso dos brasileiros.