Desde o início de dezembro, usuários da 99 e da Uber relatam aumentos abruptos nas tarifas de corridas por aplicativo — especialmente na região da Grande São Paulo — com valores chegando a triplicar em trechos e horários específicos.
Usuários se sentem lesados
Nas redes sociais, as reclamações se multiplicam. Um usuário relata surpresa com os preços:
“Corrida de R$ 20 paguei quase R$ 50; de R$ 70 paguei quase R$ 130. É surreal.”
Outra usuária compara o custo recente com valores de corridas feitas habitualmente: o que antes custava R$ 25–30, agora foi orçado para R$ 80.
Para muitos passageiros, a sensação é de que o aumento não reflete apenas demanda — mas sim a vontade das empresas de faturar mais com a movimentação de fim de ano.
Empresas apontam fatores “automáticos”
Em nota ao jornalismo, a Uber Brasil afirmou que o aumento decorre do uso do chamado “preço dinâmico”: sempre que há mais demanda do que oferta de motoristas numa região, o valor das corridas sobe automaticamente — mecanismo pensado para garantir que carros estejam disponíveis.
A 99, por sua vez, explicou que os preços podem ser afetados por fatores como trânsito intenso, chuvas ou aumento repentino de pedidos — ou seja, variáveis que disparariam a tarifa.
Reflexo no bolso e no transporte público
Com tarifas mais altas, muitos usuários preferem abandonar os apps e optar por transporte público, principalmente nas madrugadas e nos fins de semana — quando a oferta de carros costuma ser menor e o preço dinâmico mais frequente.
Esse efeito colateral aponta para uma consequência direta: o aumento de preços não atinge apenas quem consome transporte por aplicativo, mas desloca demanda — e renda — para o transporte coletivo, com impacto no orçamento doméstico especialmente para quem depende desses deslocamentos regularmente.
Decorrência de época ou nova lógica de mercado?
É comum, para vários passageiros, que dezembro represente um mês de tarifas elevadas. Alguns atribuem ao aumento natural da demanda — festas, compras, viagens — e à chamada Black Friday. Mas muitos consideram que a lógica de “preço nas alturas” ultrapassou o caráter sazonal, passando a ser vista como algo recorrente: “todo ano em dezembro eles aumentam o preço… mas esse ano está astronômico”.
Para especialistas em mobilidade e direitos do consumidor, essa percepção levanta alertas sobre a transparência e previsibilidade dos preços — elementos essenciais para permitir planejamento e acesso equitativo ao serviço.
O que observar adiante
- Transparência: plataformas precisam explicar de forma clara quando o preço dinâmico será aplicado — e quanto ele representa de acréscimo.
- Fiscalização e regulação: autoridades de transporte devem monitorar se há práticas abusivas, especialmente em períodos de alta demanda.
- Alternativas viáveis: para usuários regulares, transporte público e modais alternativos podem ser mais seguros financeiramente.
Enquanto isso, muitos passageiros seguem nas ruas ou nas redes sociais, trocando relatos sobre corridas que pareciam simples mas viraram supresa no app — para o bolso e para a paciência.




