A Polícia Federal deflagrou a “Operação Sem Desconto” em 23 de abril de 2025, cumprindo 211 mandados de busca e apreensão em 13 estados e no Distrito Federal para desarticular um esquema que usava funerárias para simular óbitos de beneficiários do INSS e lavar recursos oriundos de descontos não autorizados .
O caso integra o escândalo conhecido como “Farra do INSS” ou “Aposentão”, investigado pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU), que estimam prejuízos de cerca de R$ 6,3 bilhões em benefícios de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024 .
Segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) obtido pela PF, a Global Planos Funerários, empresa sediada no Ceará, recebeu aproximadamente R$ 34 milhões da Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS (Caap) e R$ 2,3 milhões da Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (Aapen) para “custear funerais” que nunca ocorreram. Os repasses, feitos entre novembro de 2022 e 2024, dariam cobertura a 8.713 óbitos fictícios — média de 19 mortes por dia apenas pela Caap e quase quatro pela Aapen .
A Justiça Federal autorizou o bloqueio de até R$ 147,3 milhões dos recursos da Caap, de igual montante da Global Planos Funerários e de R$ 202 milhões da Aapen, diante de fortes indícios de lavagem de dinheiro. A PF também apurou que parte dos valores foi transferida à Clínica e Laboratório Máxima Saúde Ltda., controlada pelo genro da tesoureira da Aapen, configurando um circuito de lavagem dentro das próprias associações .
A investigação revelou ainda que a Global Planos Funerários é controlada por José Lins Neto, ex-presidente da Caap e ligado à Aapen, reforçando suspeitas de que o esquema tenha sido articulado pela alta direção das entidades. Diante da discrepância entre o número de mortes simuladas e a estabilidade do quadro de beneficiários, a CGU determinou, em 24 de abril, a suspensão imediata de todos os descontos associativos e a retenção dos valores que seriam repassados em maio, enquanto o INSS avalia o ressarcimento dos lesados .
O episódio reacendeu o debate no Congresso sobre a necessidade de endurecer as regras para convênios de desconto em folha e reforçar a validação biométrica dos beneficiários. Parlamentares já discutem a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para aprofundar a apuração dos convênios suspeitos.
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