Por Redação DFMobilidade | Brasília
A gigante francesa Alstom, instalada no Brasil há sete décadas e responsável por manter de pé uma das últimas fortalezas da indústria ferroviária nacional em Taubaté (SP), decidiu quebrar o silêncio. Em um tom que mistura desespero e indignação, a companhia denunciou a concorrência desleal e predatória promovida pelas estatais chinesas no mercado de trens de passageiros. Enquanto a indústria local sangra, o Governo Federal parece mais interessado em estender o tapete vermelho para Pequim do que em proteger os empregos brasileiros.
Jogo de Cartas Marcadas?
Bernard Peille, diretor da Alstom para a América Latina, não poupou palavras ao descrever o cenário atual como uma guerra assimétrica. “A competição com os chineses é uma dura realidade, porque acreditamos que não jogamos com as mesmas regras”, disparou o executivo.
O cenário é, no mínimo, revoltante para quem defende a soberania industrial do país: enquanto o Brasil abre suas fronteiras para que trens chineses entrem com preços artificialmente baixos — muitas vezes subsidiados pelo próprio Partido Comunista Chinês —, a China mantém suas portas trancadas para qualquer produto brasileiro. É o famoso “venha a nós o vosso reino”, enquanto a indústria nacional, que paga impostos e gera empregos aqui, é deixada à própria sorte.
O Amor de Brasília pelo Dragão
O mais alarmante nessa equação não é a voracidade chinesa — afinal, eles defendem os interesses deles —, mas a passividade, ou melhor, a conivência de Brasília. Em um momento em que o Planalto discursa sobre “neoindustrialização” em palanques, a prática é um abraço apertado na desindustrialização.
Estatais chinesas, como a CRRC, vêm abocanhando contratos bilionários no Brasil (cerca de 70% das licitações recentes), com a promessa de produtos baratos. O custo oculto? Esses trens vêm prontos da Ásia. Não há parafuso apertado por mão de obra brasileira. A fábrica da Alstom em Taubaté, que sustenta uma cadeia de mais de 200 fornecedores locais, corre o risco de virar um galpão fantasma se a política de “livre mercado para os amigos do rei” continuar.
É irônico, para não dizer trágico, observar a atual gestão federal priorizar laços diplomáticos e ideológicos com o gigante asiático, entregando de bandeja um setor estratégico de infraestrutura, enquanto o trabalhador brasileiro vê seu posto de trabalho ser exportado para Xangai.
O Futuro em Risco
A Alstom alerta: se perder a capacidade produtiva agora, o Brasil não a recupera mais. “É uma vitória e uma perda. Se você perder sua economia nesse campo específico, é algo quase impossível de recuperar”, alertou Peille.
Enquanto o mundo desenvolvido fecha o cerco contra o dumping chinês para salvar suas indústrias, o Brasil, na contramão da sensatez, parece disposto a transformar seu parque industrial em um mero depósito de importados. Resta saber até quando o trabalhador nacional pagará a conta dessa “amizade” internacional.
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