No Senado, senador mandam ministra Marina Silva “se colocar no seu lugar” durante audiência sobre a BR-319 – Vídeo

Marina_Rogerio

Brasília, 27 de maio de 2025 — Em sessão extraordinária da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, o tom do debate político e ambiental atingiu um ponto de ruptura quando o presidente do colegiado, senador Marcos Rogério (PL-RO), interrompeu a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e declarou: “se colocar no seu lugar” . A provocação aconteceu em meio à discussão sobre a pavimentação da BR-319, estrada que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM).

Na sequência, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou que “a mulher merece respeito, a ministra, não” ao se referir a Marina, forçando-a a exigir desculpas antes de deixar o plenário: “Eu fui convidada como ministra. Se como ministra ele não me respeita, eu me retiro”, declarou ela . Durante o mesmo episódio, o líder do PSD no Senado, Omar Aziz (AM), acusou a ministra de “atrapalhar o desenvolvimento do país” ao criticar os entraves ambientais que, segundo ele, afetariam mais de 5 mil obras no Brasil .

A BR-319, com 877,4 km de extensão, permanece sem asfalto em cerca de 405 km — trecho central conhecido como “trecho do meio” e caracterizado por densa floresta tropical, áreas de criação de reservas indígenas e fortes pressões de desmatamento e grilagem . O governo federal, sob orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defende a conclusão das obras como forma de integrar a região Norte ao restante do país, mas enfrenta críticas quanto à falta de avaliação ambiental estratégica prévia. Marina Silva insiste que “não é ideologia. A estrada aciona grilagem, garimpo ilegal e desmatamento. É preciso governança” .

No cerne do embate está também a aprovação, na semana passada, do Projeto de Lei 2.159/2021, que flexibiliza normas de licenciamento ambiental — definido pela ministra como um “golpe de morte” no sistema de proteção ambiental brasileiro . Embora o texto tenha recebido votos favoráveis de dois terços da base aliada no Senado, Marina anunciou que pedirá ao presidente da República o veto de trechos considerados inconstitucionais, sob risco de processos judiciais em massa.

O confronto expôs o desgaste nas relações entre o Executivo federal e o Congresso, evidenciando a tensão permanente entre agendas de desenvolvimento e proteção ambiental na Amazônia. Para observadores, o episódio indica que a capacidade de articulação política do Ministério do Meio Ambiente ficará ainda mais fragilizada, em um momento em que as decisões sobre grandes obras de infraestrutura e a consolidação de compromissos internacionais, como a COP30 em Belém, exigem diálogo e consenso.

 

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