Minha visão | O colapso silencioso do Banco do Brasil sob Tarciana Medeiros

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Presidente sem legado expressivo e com perfil técnico questionável – Foto: Divulgação Banco do Brasil

Quando Tarciana Medeiros foi indicada à presidência do Banco do Brasil em janeiro de 2023, a nomeação foi celebrada pelo governo federal como um marco da diversidade: a primeira mulher a comandar a instituição em mais de dois séculos. Contudo, passados mais de dois anos, o que se observa não é uma revolução administrativa nem inovação técnica — mas uma sequência de decisões administrativas duvidosas, aumento do risco institucional e a maior desvalorização do BB em anos.

Formada em administração de empresas, Tarciana ingressou no BB como concursada em 2000, mas até assumir o cargo máximo, passou a maior parte da carreira em funções regionais e médias gerências, sem projeção no setor bancário nacional. Não possui experiência internacional, tampouco histórico de atuação em grandes reestruturações financeiras ou digitais — algo indispensável para liderar um banco de capital aberto com mais de R$ 1 trilhão em ativos.

Apesar do discurso de modernização e foco social, sua gestão tem sido marcada por decisões reativas, alinhadas mais à pauta política do Palácio do Planalto do que às diretrizes do mercado financeiro. Internamente, sua administração é vista como uma tentativa de agradar ao governo petista com aumento do crédito subsidiado e retorno a políticas intervencionistas, lembrando práticas que comprometeram a credibilidade do banco em gestões anteriores.

Além disso, não há registro oficial de filiação partidária, mas sua nomeação foi claramente política, sem passar por sabatina técnica ou avaliação do mercado.

Lucro em queda livre, projeções suspensas e alerta do mercado

A deterioração dos números é visível. O lucro líquido ajustado do primeiro trimestre de 2025 caiu para R$ 7,37 bilhões, recuo de 20,7% frente ao mesmo período de 2024. O resultado decepcionou analistas, que projetavam cerca de R$ 9,2 bilhões. A consequência imediata foi a suspensão do “guidance” — ou seja, o próprio banco deixou de prever com segurança os seus resultados futuros.

A justificativa de Tarciana, de que as perdas se devem à inadimplência no agronegócio e às novas regras contábeis, escancara a falta de preparo estratégico: o BB não se antecipou às mudanças regulatórias, tampouco revisou com clareza os seus modelos de risco.

A sexta-feira do colapso

No dia 1º de agosto de 2025, o mercado respondeu com veemência. As ações BBAS3 despencaram 6,85%, apagando R$ 7,7 bilhões em valor de mercado em poucas horas. O gráfico a seguir mostra a queda vertiginosa:

 

O tombo veio mesmo sem divulgação de balanço, impulsionado por rumores de sanções externas, denúncias de fraudes operacionais e instabilidade gerencial. Analistas apontam que o BB voltou a ser tratado como um “banco de governo”, e não como uma instituição financeira competitiva — o que afasta investidores e compromete sua posição no mercado.

Um Banco a serviço da ideologia?

A guinada do Banco do Brasil rumo ao enfraquecimento de sua rentabilidade, ao aumento da dependência política e à adoção de diretrizes pouco transparentes levanta um sinal vermelho para o futuro da instituição. A nomeação de Tarciana Medeiros, embora simbólica, parece ter priorizado bandeiras ideológicas em detrimento da capacidade de liderança técnica, sólida e independente.

Com os lucros derretendo, a confiança em queda e o valor de mercado evaporando, o BB caminha perigosamente para repetir os erros do passado. E desta vez, com a chancela de um governo que insiste em politizar o que deveria ser técnico.

 

 

Por: Hamilton Silva

Jornalista e editor do DFMobilidade, economista formado pela Católica de Brasília e diretor da Associação Brasileira dos Portais de Notícias

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