Após a volta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) reabriu a temporada de invasões de propriedades rurais privadas pelo país. Ainda não houve nenhum pronunciamento público por parte de Lula sobre os episódios, com uma média de 2 a 3 invasões a propriedades privadas por semana, o movimento bateu recorde de invasões em um trimestre.
O silêncio do presidente da República amplia o desgaste do governo junto aos integrantes da bancada do agronegócio no Congresso Nacional, já que este setor é o mais prejudicado pelos criminosos.
Deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) também criticam o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), por minimizar as invasões de terra e fazer acenos ao movimento. Em outra frente, parlamentares pretendem cobrar do Ministério da Justiça, comandado por Flávio Dino (PSB), a adoção de medidas para impedir que as ocupações de terra por parte do MST prossigam.
Além da retomada das invasões de terra com pouco mais de dois meses do governo Lula, integrantes do MST já pressionam o presidente por mais espaço dentro do Executivo. Nos últimos dias, por exemplo, o movimento fez chegar ao Planalto a insatisfação com a ausência de um indicado para a presidência do Incra, órgão subordinado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, comandado pelo petista Paulo Teixeira.
Com relação às ações do MST, o episódio mais recente ocorreu no início desta semana. Cerca de 1,7 mil integrantes do grupo anunciaram a invasão de pelo menos quatro fazendas no sul da Bahia. Três destas fazendas são de cultivo de eucalipto da empresa Suzano Papel e Celulose.
A empresa afirmou que os atos violam o direito à propriedade privada e estão sujeitas à adoção de medidas judiciais para reintegrar à posse dessas áreas. “Especificamente no sul da Bahia, a empresa gera aproximadamente 7 mil empregos diretos, mais de 20 mil postos de trabalho indiretos e beneficia cerca de 37 mil pessoas pelo efeito renda”, destacou a Suzano.