O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), confirmou que a reunião de líderes desta quinta-feira (13) definirá a distribuição das comissões, garantindo que o processo seguirá as regras regimentais. A decisão ocorre em meio à ofensiva do PT para impedir Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na presidência da Comissão de Relações Exteriores.
Motta minimizou as tentativas petistas e reforçou que a definição segue critérios técnicos. “Não há como interferir, não há como mudar esse bloco, que é o bloco do início da legislatura. Não é nem o bloco que foi formado agora para a nossa eleição. Nós vamos cumprir, regimentalmente, aquilo que tem que ser cumprido”, afirmou.
O PT, por meio de Lindbergh Farias (RJ), alegou que a indicação de Eduardo Bolsonaro poderia gerar uma “crise” com o Supremo Tribunal Federal. Nos bastidores, petistas tentam negociar outro nome do PL, mas a bancada bolsonarista mantém o apoio ao deputado.
O PL, maior partido da Câmara, tem direito às primeiras escolhas na distribuição das comissões. “Isso se dá pelo tamanho de cada bancada”, disse Motta, enfatizando que não há espaço para mudanças arbitrárias.
Além da definição das comissões, Motta articula uma mudança no regimento que dará mais poder aos líderes partidários, permitindo a nomeação e destituição de presidentes de comissões a qualquer momento, eliminando eleições internas. A proposta deve ser aprovada antes da instalação dos colegiados.
Durante o evento Brasil Summit, em Brasília, Motta criticou a falta de apoio do governo a Fernando Haddad e apontou a contradição dentro da base governista. “O ministro precisaria muito mais, às vezes, de apoio interno do que apoio externo. Porque a agenda dele era uma agenda aprovada, principalmente pelos partidos de Centro que têm uma preocupação muito grande com o desempenho econômico do país”, afirmou.
Motta alertou sobre o descontrole fiscal da gestão petista e a ausência de planejamento econômico. “Não dá mais para afastar decisões do governo da responsabilidade das despesas dos gastos públicos. Precisamos pontuar que não será possível promover uma política descontrolada, com uma taxa de juros subindo a cada reunião do Copom, com o dólar batendo os níveis que infelizmente vem batendo e com o cenário internacional desafiador.”
O deputado também destacou os impactos da inflação na população mais pobre. “Basta ver essa alta de alimentos que tem penalizado principalmente quem está na ponta, quem ganha menos”, disse.
As declarações de Motta escancaram a fragilidade do ministro da Fazenda dentro do próprio governo e o dilema de Lula entre tentar acalmar o mercado ou ceder às pressões internas por mais gastos.