Uma virada inesperada na diplomacia fez do STF e do Planalto protagonistas de um enredo que mistura política, Justiça e relações exteriores: o ministro Alexandre de Moraes fez um agradecimento público ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela suspensão, pelos Estados Unidos, das sanções impostas a ele e à sua esposa sob a Lei Magnitsky.
Em evento realizado nesta sexta-feira (12), no lançamento do canal SBT News, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) descreveu a retirada das sanções americanas como uma “vitória tripla”: para o Judiciário brasileiro, para a soberania nacional e para a democracia. Em nome próprio e de sua esposa, Viviane Barci de Moraes, ele agradeceu o “empenho” de Lula, destacando que a “verdade prevaleceu” após semanas de tensões diplomáticas entre Brasília e Washington.
Moraes enalteceu a postura firme do presidente brasileiro contra aquilo que definiu como tentativas de interferência externa nos assuntos internos do Brasil. Para o ministro, a decisão americana representa um reconhecimento da independência dos Poderes e do respeito ao Estado de Direito.
O que aconteceu?
A controvérsia teve início em meados de 2025, quando o governo dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, incluiu Alexandre de Moraes na lista de sanções previstas pela Lei Global Magnitsky, uma ferramenta usada por Washington para penalizar autoridades consideradas responsáveis por graves violações de direitos humanos ou corrupção. Na prática, isso significava o congelamento de bens em solo americano e a proibição de transações com cidadãos e instituições dos EUA.
A aplicação das sanções foi justificada por autoridades americanas com críticas ao uso do poder por Moraes em processos relacionados à tentativa de golpe e às ações contra desinformação — incluindo medidas que afetaram plataformas de mídia social estrangeiras e figuras políticas acusadas de atacar a democracia brasileira.
Desde então, a questão provocou um embate diplomático que chegou a incluir o anúncio de tarifas sobre produtos brasileiros e a suspensão de vistos de outras autoridades brasileiras. O episódio foi visto por analistas como um dos mais significativos pontos de atrito nas relações entre Brasil e Estados Unidos em anos recentes.
Diplomacia em alta e críticas domésticas
A retirada das sanções chega em um momento em que o governo Lula tem buscado estreitar laços com Washington, ao mesmo tempo em que resiste a pressões políticas adversas no cenário interno. Em suas redes sociais, Lula chegou a classificar a suspensão das penalidades impostas como um “presente” ao ministro — numa leve pincelada de bom humor, mas também como sinal de que a agenda internacional brasileira busca equilíbrio entre soberania e pragmatismo.
Nem todos, entretanto, celebram a mudança. Deputados como Erika Hilton criticaram opositores que, na esteira da suspensão, reagiram de forma considerada politicamente motivada, alertando para riscos de fragilização de lideranças adversárias como Eduardo Bolsonaro.
Repercussão e o futuro das relações Brasil–EUA
Especialistas em relações internacionais avaliam que a decisão americana — ecoada também por agências internacionais como a Reuters e The Guardian — sinaliza uma reaproximação estratégica entre os dois países após meses de discordâncias intensas sobre política interna brasileira, o uso de sanções e o respeito às instituições judiciais.
A suspensão das sanções não apenas devolve a normalidade ao ministro e sua família no plano internacional, mas também reforça uma narrativa de defesa da autonomia institucional brasileira, em meio a uma conjuntura política polarizada e altamente observada no exterior.
**Em resumo, o agradecimento de Moraes a Lula não foi apenas um gesto de cortesia protocolar, mas um símbolo de como Brasília e o STF, mesmo em lados distintos do equilíbrio de poderes, encontraram um ponto comum para afirmar a soberania nacional em uma partida jogada fora do país — com repercussões que podem influenciar a diplomacia e a política doméstica por meses a fio.**
