Se alguém ainda nutria esperanças de que o governo Lula III seguiria um caminho de moderação, a nomeação de Gleisi Hoffmann para a articulação política e a possível entrada de Guilherme Boulos no primeiro escalão são o balde de água fria definitivo. Lula parece estar montando uma espécie de “Dream Team” do radicalismo político.
Gleisi: de musa do radicalismo a articuladora política
A presidente do PT é tudo, menos moderada. Gleisi Hoffmann tem um histórico de ataques sistemáticos às instituições, flertes com regimes autoritários e um currículo recheado de polêmicas. Quem não se lembra do episódio em que ela defendeu abertamente a ditadura venezuelana de Nicolás Maduro? Durante um evento do Foro de São Paulo, Gleisi declarou apoio ao regime chavista, desconsiderando as denúncias internacionais de violação de direitos humanos na Venezuela.
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Além disso, sua proximidade com movimentos radicais sempre foi evidente. Como presidente do PT, ela não apenas endossou, mas também incentivou atos de resistência contra decisões judiciais, chegando ao ponto de conclamar militantes a “ocupar as ruas” em defesa do ex-presidente Lula, condenado por corrupção. A julgar por esse histórico, não será surpresa se sua atuação no governo priorizar o confronto ao diálogo.
Boulos: do MTST ao Planalto – um currículo de invasões
Se Gleisi representa o radicalismo institucionalizado, Guilherme Boulos encarna o ativismo político transformado em método de governo. O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) passou décadas defendendo a ocupação de propriedades privadas como “forma legítima de luta”. Sim, você leu certo: no Brasil, um homem que passou boa parte da vida incentivando invasões pode virar ministro.
Boulos, que já foi detido em 2017 por desobediência civil durante uma ação de reintegração de posse em São Paulo, nunca escondeu seu desprezo pelas regras do jogo democrático quando estas não atendem às suas ambições. Seu movimento é acusado por muitos de funcionar na base da coerção, obrigando moradores de ocupações a seguir sua cartilha política. Há quem diga que o MTST opera como um braço informal do PSOL, exercendo pressão na base para garantir apoio a suas pautas ideológicas.
Se seu histórico de radicalismo já não fosse suficiente, ele ainda demonstrou sua lealdade ao jogo sujo da política ao blindar o deputado federal André Janones (Avante-MG) no escândalo da “rachadinha”. Enquanto a mídia revelava áudios e mensagens que indicavam a prática de desvio de salários de assessores no gabinete de Janones, Boulos rapidamente se postou como escudo do aliado, ignorando solenemente os apelos por explicações. Quando se trata de companheiros ideológicos, o rigor ético parece ser bem seletivo.
O Planalto vira QG do radicalismo
Com figuras como Gleisi e Boulos ganhando espaço no governo, o recado de Lula está claro: esqueça a conciliação, o plano agora é dobrar a aposta no confronto ideológico. A questão é saber até quando essa estratégia será sustentável. Articulação política, por definição, exige diálogo, negociação e flexibilidade – três palavras que passam longe do vocabulário de ambos.
Se o governo insiste em enveredar pelo caminho do radicalismo, vai acabar enfrentando resistência até mesmo entre os aliados. No fim das contas, ninguém governa sozinho, e a política é feita de acordos. Mas se depender da nova configuração do Planalto, podemos esperar mais tensão e menos soluções concretas.
Afinal, se a moderação já não cabe no governo, o que nos resta?