Em discurso no 16º Congresso do PCdoB, na noite de 16 de outubro, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou críticas à “ascensão da extrema direita” no mundo e saudou figuras da esquerda sul-americana como Hugo Chávez e Evo Morales. Segundo Lula, a resposta da esquerda exige “reflexão” e rearticulação regional — menção direta ao período da Unasul e à cooperação entre governos aliados na década passada. Até aqui, nada de novo no front: o Palácio do Planalto segue orbitando velhos símbolos enquanto a economia e a segurança pública pedem soluções mais imediatas.
Ao exaltar Chávez e Morales como referências de integração continental, Lula resgatou o que considera o “melhor momento” recente da política sul-americana. O contraste, porém, é inevitável: a Venezuela de hoje enfrenta colapso institucional e êxodo histórico; a Bolívia vive turbulências recorrentes. Para um governo que promete “reconstrução”, o aceno a modelos controversos abre flanco político doméstico — especialmente quando a prioridade do eleitor brasileiro é emprego, serviços eficientes e estabilidade, não nostalgia bolivariana.
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No plano retórico, Lula insistiu que cabe à esquerda “entender por que a extrema direita cresce”. No plano prático, a resposta segue indefinida. Enquanto o presidente mira adversários e romantiza vizinhos problemáticos, o debate público interno demanda agenda clara: produtividade, contas públicas, segurança nas cidades e transparência. Rever o passado pode render aplausos em congressos partidários; entregar resultados mede-se na vida real — e essa, como sabemos, não perdoa discursos.
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