Lula “descobre” o Vai de Graça e copia o DF: gesto eleitoral e sem dizer quem paga a conta

Foto: Agência Brasília
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Lula “descobre” a tarifa zero e copia o DF: gesto tardio, eleitoral e sem criatividade

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou nesta terça-feira (7/10) que, a pedido de Lula, o governo federal voltou a estudar tarifa zero no transporte público. A pauta — apresentada como “nova” em Brasília — já é realidade no Distrito Federal desde março, com o programa Vai de Graça do governador Ibaneis Rocha, que garante gratuidade em ônibus e metrô aos domingos, feriados e em datas especiais. No DF, o decreto foi assinado em 28 de fevereiro e está em vigor, com resultados apresentados em comissões da CLDF e balanços oficiais do GDF.

O timing não é detalhe: em pleno período pré-eleitoral, a equipe econômica admite que a proposta pode virar bandeira de campanha em 2026. Se a inspiração veio do sucesso local do Vai de Graça, a tentativa de reembalar a ideia em escala nacional soa como remendo de última hora — e com forte cheiro de marketing. Até a imprensa internacional registrou que o estudo nasce de pedido direto de Lula, com mercado atento ao risco fiscal de uma promessa abrangente. Copiou, colou e chamou de “projeto nacional”.

Enquanto o Planalto flerta com a vitrine, a vida real do usuário do Entorno do DF ficou mais cara. A ANTT autorizou há duas semanas reajuste de 2,91% nas linhas semiurbanas entre Goiás e o DF, apesar dos apelos de Ibaneis Rocha e Ronaldo Caiado para adiar o aumento. Resultado: mais de R$ 12 em algumas linhas, pesando no bolso de quem depende do ônibus diariamente. É difícil falar em “prioridade social” quando o governo federal deixa a conta subir no Entorno ao mesmo tempo em que acena com um estudo nacional de tarifa zero.

No DF, ao contrário, a gratuidade nos fins de semana já movimenta a cidade e foi ampliada em ocasiões específicas — medida com impacto direto na renda do trabalhador, no lazer e no comércio local. Ou seja: a política pública saiu do PowerPoint e entrou no cotidiano. O contraste ajuda a explicar a “inspiração repentina” do governo Lula. Quando o vizinho entrega, o copiador se apressa.

Se o Palácio do Planalto realmente quiser competir em ideias — e não apenas em slogans — precisará dizer como pretende financiar a tarifa zero nacional sem empurrar a fatura para estados, municípios ou para o contribuinte de sempre. Até aqui, o que existe é um “estudo” sem plano de custeio transparente, ao passo que o DF já opera, mede resultados e discute a consolidação em lei. Criatividade não é repetir; é implementar, ajustar e sustentar.

Por: Hamilton Silva – Jornalista e editor-chefe do DFMobilidade
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