BRASÍLIA – Em reportagem publicada pelo jornal internacional Financial Times em 15 de maio de 2025, sob o título “Brazil’s $1bn pension fraud casts shadow over Lula re-election hopes”, o veículo revelou um esquema de descontos indevidos que teria lesado aposentados e pensionistas em cerca de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 6,3 bilhões) entre 2019 e 2024 . A repercussão global pressionou o Planalto a adotar medidas emergenciais e suscitou debate sobre a resposta do governo.
Na véspera da publicação pelo Financial Times, a Controladoria-Geral da União (CGU) divulgou relatório apontando que 97% dos beneficiários entrevistados não autorizaram os descontos feitos por 11 associações de aposentados, cujo valor total chega a R$ 6,3 bilhões . O documento, apresentado em coletiva no dia 23 de abril, fundamentou a deflagração da “Operação Sem Desconto” em parceria com a Polícia Federal.
A Polícia Federal, em conjunto com a CGU, cumpriu mandados de busca e apreensão em 23 de abril, apontando que empresas de fachada repassavam mensalidades ao custo de até R$ 300 por beneficiário, sem qualquer autorização formal . Como desdobramento, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado para agilizar investigações internas.
No dia 24 de abril, o ministro da CGU, Vinícius Marques de Carvalho, anunciou a suspensão imediata dos descontos associativos e reteve os valores programados para repasse em maio, garantindo que o montante seja devolvido aos aposentados já na folha de junho . Paralelamente, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu o bloqueio de R$ 2,56 bilhões de 12 associações suspeitas, visando assegurar o ressarcimento .
A pressão da imprensa internacional e os desdobramentos da operação culminaram na renúncia do ministro da Previdência, Carlos Lupi, em 2 de maio, após intensas críticas sobre a lentidão na reação do governo à crise . Lupi destacou que seu nome não fora citado nas investigações e afirmou esperar que as apurações “identifiquem os responsáveis e punam, com rigor, aqueles que usaram suas funções para prejudicar o povo trabalhador”.
No Congresso Nacional, oposição e base governista protocolaram pedido de CPI para aprofundar a investigação, e líderes partidários passaram a cobrar transparência total sobre os responsáveis pelo esquema. A cobertura do Financial Times – um dos principais jornais de economia e política do mundo – ampliou o escrutínio internacional sobre a condução do caso pelo governo brasileiro e renovou o debate sobre adequação de controles no INSS.
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sobre o autor
Hamilton Silva é jornalista e economista, editor-chefe do portal DFMobilidade.com.br, com 25 anos de experiência em cobertura política e de mobilidade urbana. É membro ativo do Rotary Club de Brasília.
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Hamilton Silva