Em 29 de junho de 2025, a revista britânica The Economist publicou reportagem classificando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “incoerente no exterior” e “impopular em casa”, ao apontar que sua relevância no cenário internacional vem diminuindo, enquanto cresce sua reprovação interna . Segundo o texto, o Brasil teria adotado postura hostil ao Ocidente ao condenar, de maneira enfática, os bombardeios dos Estados Unidos a alvos nucleares iranianos, e demonstrou falta de pragmatismo ao não registrar nenhum encontro entre Lula e o presidente americano, Donald Trump .
Preocupado com o teor das críticas, em 1º de julho de 2025 o presidente Lula determinou ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que o Itamaraty enviasse uma carta à redação da The Economist, por meio de sua embaixada em Londres. No documento, assinado pelo chanceler, o governo rebateu os argumentos ao destacar que, sob a liderança de Lula como presidente do G20, foi construído um amplo consenso global contra a fome e a pobreza, e foi apresentada no ano passado uma proposta de taxação de bilionários, iniciativa que, segundo o texto, “incomodou muitos oligarcas”. A missiva reforça ainda que o Brasil “não faz tratamento à la carte do direito internacional” e mantém firme defesa da Carta das Nações Unidas e das Convenções de Genebra .
Analistas lembram que a resposta oficial ocorre justamente às vésperas da cúpula do Brics, agendada para os dias 6 e 7 de julho de 2025, no Rio de Janeiro, quando o Irã também estará representado, elevando a necessidade de uma retórica diplomática equilibrada. No plano interno, novas pesquisas do Ipec indicam que a reprovação de Lula alcançou 44% dos entrevistados, enquanto sua aprovação caiu para 48%, patamar recorde nesta gestão .
Resta saber se a manifestação ao veículo britânico servirá para conter narrativas de perda de influência ou se ampliará o debate sobre a interferência do governo brasileiro em críticas estrangeiras. Até o momento, o Palácio do Planalto mantém cautela em novas declarações públicas, mas não descarta manifestações adicionais após reuniões de chanceleres programadas ainda esta semana.
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Hamilton Silva
Jornalista e economista, editor-chefe do portal DFMobilidade e diretor da Associação Brasileira dos Portais de Notícias. Com 27 anos de experiência em imprensa, é autor de reportagens focadas em política e mobilidade.