Trabalhadores terceirizados que atuam na construção da fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia, deflagraram uma greve nesta semana reivindicando melhores condições de trabalho. A paralisação, confirmada por lideranças sindicais e por representantes do Movimento Luta de Classes (MLC), reacende críticas às práticas trabalhistas da montadora chinesa no Brasil, que já havia sido autuada neste ano pelo Ministério do Trabalho por irregularidades em instalações destinadas a operários estrangeiros.
De acordo com relatos de trabalhadores e representantes do movimento, as principais queixas envolvem atraso de salários, ausência de infraestrutura básica no canteiro de obras — como bebedouros, vestiários e banheiros adequados — além de denúncias de assédio moral e da imposição de deslocamentos que chegam a mais de 4 quilômetros dentro do complexo industrial. A categoria também cobra pagamento de adicional de insalubridade, reajuste no auxílio-alimentação e no auxílio-transporte, e ampliação da frota de ônibus internos.
A mobilização ganhou apoio da Unidade Popular (UP), que acompanha as negociações e afirma que trabalhadores vêm sendo pressionados a retornar às atividades sob risco de demissão. A Polícia Militar da Bahia foi acionada para acompanhar o ato, aumentando a tensão no local.
A greve ocorre meses após o Ministério do Trabalho confirmar, em junho, condições degradantes envolvendo trabalhadores estrangeiros contratados por empresas terceirizadas que prestavam serviço à BYD. À época, a pasta determinou o resgate de 163 funcionários submetidos a alojamentos precários e jornadas irregulares, o que levou à autuação da empresa e ao rompimento do contrato com a terceirizada investigada.
A BYD ainda não se manifestou oficialmente sobre a paralisação atual. Sindicatos afirmam aguardar abertura de diálogo imediato para evitar o prolongamento do impasse. A expectativa é de que a empresa apresente medidas concretas de melhoria das condições de trabalho, diante da repercussão nacional e do histórico recente de fiscalizações.
A situação coloca em xeque a promessa de que a instalação da montadora no país simbolizaria um novo ciclo de industrialização com padrões elevados de responsabilidade social. Para os trabalhadores envolvidos, o discurso permanece distante da realidade encontrada no canteiro de obras.
Acompanhe mais atualizações em nossas redes: Instagram: https://www.instagram.com/dfmobilidade/
Facebook: https://www.facebook.com/dfmobilidade
X (Twitter): https://x.com/dfmobilidade




