Governo Lula gasta R$ 66,7 milhões no “cartão corporativo” em 2025; sigilo segue regra e Justiça lidera despesas
O governo federal já desembolsou R$ 66,7 milhões com o Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF) neste ano, segundo levantamento divulgado nesta quarta (24). Somente a Presidência da República, que opera 11 cartões, consumiu R$ 4,3 milhões. O Ministério da Justiça é o campeão de gastos em 2025: R$ 22 milhões distribuídos por 362 cartões — uma frota de plástico difícil de acompanhar até para quem paga a conta: o contribuinte.
O padrão de opacidade permanece. Auditoria do Tribunal de Contas da União apontou que, entre janeiro de 2023 e abril de 2025, a Presidência utilizou R$ 55,5 milhões via CPGF — e 99,55% dessas despesas foram classificadas como “reservadas”. Na prática, o cidadão vê o valor, mas não o detalhamento do gasto, o que contraria recomendações reiteradas do próprio TCU por mais transparência.
A Casa Civil passou a publicar relatórios mensais por subelemento (alimentação, hospedagem, locação de transporte e itens de limpeza) para 2025, em atendimento a determinações do TCU. Os documentos confirmam despesas recorrentes em gêneros e fornecimento de alimentação e hospedagens ao longo do ano, mas ainda sem granularidade de notas fiscais ou favorecidos. Em resumo: a conta aparece; o extrato, nem tanto.
Contexto e impacto: o CPGF foi criado para cobrir gastos emergenciais e de representação, mas o volume de cartões ativos e a classificação massiva de sigilo elevam o risco de uso abusivo e dificultam o controle social. O TCU cobrou plano de ação com prazos e responsáveis para corrigir as falhas de transparência — medida que, se cumprida, permitirá aferir a efetiva necessidade dos dispêndios e coibir despesas inadequadas.