O jornalista norte-americano Glenn Greenwald reagiu nesta sexta-feira ao vazamento online de vídeos que expõem momentos de sua vida privada, classificando a divulgação como crime e atribuindo ao episódio “uma agenda política maliciosa”. Em postagem no Twitter, Greenwald afirmou que as gravações foram publicadas sem seu consentimento e ainda não se sabe ao certo quem é o responsável pela divulgação, embora, segundo ele, “estejamos perto de saber” o autor do ataque.
Em seu pronunciamento, o editor-convidado d’O Intercept Brasil deixou claro não se sentir “envergonhado nem arrependido” pelos conteúdos, pois eles retratam “atos íntimos de adultos em suas vidas privadas, todos consensuais e sem prejuízo a ninguém”. Para o jornalista, o único erro cometido foi o da “publicação criminosa e maliciosa dos vídeos para promover uma agenda política” contrária ao seu trabalho investigativo.
Greenwald, radicado no Rio de Janeiro desde 2005, é conhecido por suas reportagens premiadas sobre os documentos de Edward Snowden e pela fundação, em 2013, do site The Intercept Brasil. Ao longo dos últimos anos, tem se envolvido em embates públicos com membros do Supremo Tribunal Federal, especialmente o ministro Alexandre de Moraes, e com o governo federal, o que suscitou especulações de que o vazamento — às vésperas de novas investigações de seu site — teria por objetivo descredenciar suas apurações.
Os vídeos foram divulgados no X na noite desta quinta-feira (29).
Especialistas em direito à privacidade ouvidos pelo DFMobilidade apontam que a divulgação configura violação do artigo 154-A do Código Penal e do direito constitucional à intimidade (artigo 5º, inciso X). “Trata-se de ato criminoso, passível de reparação cível e criminal, sobretudo quando usado como instrumento de pressão política”, explica a advogada Érica Moura, especialista em direitos digitais.
Até o fechamento desta edição, não havia qualquer posicionamento de autoridades sobre a origem dos vídeos, e Greenwald já adiantou que irá “processar quem divulgou” as imagens sem autorização. O episódio reacende o debate sobre os limites entre liberdade de expressão e proteção da privacidade, em um momento de crescente polarização política no país.
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Sobre o autor:
Hamilton Silva é economista formado pela Universidade Católica de Brasília, pós-graduado em gestão financeira, e atua há mais de 25 anos na cobertura de política e mobilidade urbana no Distrito Federal.