José Dirceu não discursou no evento e se manteve discreto. A presença dele, entretanto, teria causado uma “saia justa”
Chefe da Casa Civil na primeira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e um dos pivôs do escândalo do mensalão, José Dirceu compareceu nesta terça-feira a um evento da cúpula petista que contou com a presença do candidato à reeleição para a presidência da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Na ocasião, o filho dele, o deputado Zeca Dirceu (PT), recebia convidados em um restaurante de Brasília para celebrar o início da liderança do partido na Casa. De acordo com presentes, José Dirceu não discursou no evento e se manteve discreto.
A presença do ex-ministro causou “saia-justa”, segundo relataram ao GLOBO participantes do encontro, que evitaram posar para fotos lado a lado. Dirceu aparece em apenas um registro compartilhado pelo partido em suas redes sociais, ao fundo, enquanto Lira discursava.
No local, após cumprimentar Dirceu, Lira discursou brevemente e falou sobre a colaboração com o Executivo. Favorito para a reeleição, o presidente da Câmara trabalha para ter a maior votação da história das eleições da Casa Legislativa. O bloco de apoio a ele reúne correligionários de Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em relação à presença de José Dirceu no evento, a deputada Maria do Rosário (PT), uma das presentes no evento, fez questão de contemporizar.
— Ele estava ali no papel de pai do Zeca, que será um grande líder na bancada. Ele estava orgulhoso de ver onde o filho chegou, não houve qualquer outra atuação, que não fosse familiar — disse.
A escolha por Zeca Dirceu para a liderança do partido, entretanto, chegou a ser vista internamente como uma forma de contemplar o ex-ministro. O petista ficou de fora da composição dos principais cargos no novo governo e nem sequer esteve entre os convidados para a cerimônia de posse. Ao GLOBO, ele disse ter preferido acompanhar a solenidade entre militantes para evitar eventuais repercussões negativas da sua presença. José Dirceu foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal e também foi alvo da Lava-Jato.
Anteriormente, Zeca negou que a escolha pelo seu nome tenha tido a finalidade de contemplar o pai:
— Não há qualquer relação. A escolha ocorreu de maneira democrática. É uma honra liderar o PT na Câmara neste momento, eu cresci neste partido.
*Com informações de O Globo