Pesquisadores sul-coreanos publicaram em junho de 2025, na revista Neurogeriatrics, um estudo observacional envolvendo 123 456 indivíduos com mais de 65 anos acompanhados entre janeiro de 2021 e dezembro de 2024. Comparando vacinados e não vacinados contra a Covid-19, os autores Jee Hoon Roh, Inha Jung, Yunsun Suh e Min-Ho Kim identificaram 1 024 novos diagnósticos de Alzheimer no grupo vacinado, ante 712 no grupo controle, o que corresponde a um risco relativo 1,18 vez maior após três anos de seguimento.
No Brasil, até o final de maio de 2025, 95 % da população adulta recebeu ao menos uma dose contra a Covid-19 e 89 % completou o esquema vacinal, conforme boletim do Ministério da Saúde. Simultaneamente, estima-se em 1,2 milhão o número de brasileiros vivendo com Alzheimer, segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz). A alta cobertura vacinal e o envelhecimento populacional reforçam a necessidade de avaliar possíveis efeitos neurológicos tardios.
Por se tratar de estudo observacional, não há comprovação de causalidade. Revisões sistemáticas da Alzheimer’s Association apontam que fatores genéticos (como portadores do gene APOE ε4), hipertensão e sedentarismo explicam grande parte dos casos. Além disso, diretrizes da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) recomendam investigação de biomarcadores e exames de neuroimagem para diferenciar evoluções naturais da doença de possíveis efeitos externos.
O Ministério da Saúde informou que não pretende alterar o calendário vacinal e manteve, em comunicado oficial, o reforço anual para idosos e grupos de risco. Até o momento, não há sinalização de qualquer modificação nas políticas de farmacovigilância, que incluem monitoramento de reações adversas graves e estudos de longo prazo.
Especialistas em neurologia e epidemiologia destacam ainda que, mesmo havendo associação estatística, os benefícios da vacinação — redução de hospitalizações e mortes por Covid-19 — permanecem inquestionáveis. Para mitigar o impacto do Alzheimer, recomenda-se à população idosa a adesão a hábitos saudáveis: controle da pressão arterial, prática regular de exercícios físicos e atividades cognitivas, além de acompanhamento médico periódico.
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