Estudo publicado no International Journal of Antimicrobial Agents calcula o número de mortes causadas pelo uso off-label (sem comprovação médica) da hidroxicloroquina (HCQ) durante a primeira onda da pandemia em 17 mil, reunindo dados de apenas seis países. Os números não incluem Brasil e Índia, onde o uso do medicamento foi amplamente disseminado.
Segundo a médica epidemiologista Denise Garrett, especialista com vasta experiência em doenças infecciosas e saúde global, que falou com exclusividade para O Antagonista: “o uso indiscriminado da hidroxicloroquina durante a pandemia, sem evidências científicas sólidas que comprovem seus benefícios clínicos, resultou em trágicas consequências.”
Para a médica brasileira, vice-presidente do Sabin Vaccine Institute de Washington, “a prescrição irresponsável da droga antimalárica, mesmo diante da ausência de comprovação de benefícios clínicos, resultou em um possível saldo de quase 17.000 vidas perdidas em seis países.
Este cenário sombrio destaca a necessidade crítica de basear as decisões médicas em evidências científicas de qualidade, a fim de não colocar vidas em risco e evitar tragédias semelhantes”, conclui.
O estudo foi realizado com dados da Bélgica, Turquia, França, Itália, Espanha e Estados Unidos. Os pesquisadores ressaltaram que o número de 17 mil mortes nestes países pode estar subestimado.
A CPI da Covid-19 concluiu que o uso da hidroxicloroquina para tratar a COVID-19 foi um erro grave do governo Bolsonaro. A droga não tem eficácia comprovada para tratar a doença e, pelo contrário, pode ser prejudicial à saúde. O relatório da CPI recomenda que o governo Bolsonaro seja responsabilizado por promover o uso da HCQ. O procurador geral da república da época, aliado de Bolsonaro, Augusto Aras, engavetou o relatório da CPI.