Diretores da ANTT usam carros oficiais em festa privada e desrespeitam decreto presidencial
Diretores da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) foram flagrados utilizando carros oficiais do governo para comparecer a uma festa privada de despedida do ex-presidente da autarquia, Rafael Vitale. O evento ocorreu na última sexta-feira (14), no Bar Brazólia, uma casa de shows em Brasília, e contou com a presença de diversas autoridades da agência.
A celebração, que começou às 18h, foi organizada por Vitale e teve ingressos vendidos a R$ 175 por pessoa, incluindo open bar e open food. Apesar de ser um evento de caráter particular e realizado fora do expediente, três veículos oficiais da ANTT foram utilizados para transportar diretores da agência até o local. Além disso, um carro de fiscalização, devidamente adesivado com a identidade visual do órgão, também foi visto estacionado na casa de shows.
Uso ilegal de veículos oficiais
O flagrante vai contra o Decreto nº 9.287, de 15 de fevereiro de 2018, que regula o uso de veículos da administração pública federal. O artigo 6º do decreto proíbe expressamente o uso desses automóveis para “excursões de lazer ou passeios”, o que se aplica diretamente ao caso.
Além do uso irregular dos carros oficiais, a reportagem do Portal Metrópoles ( Tácio Lorran) identificou que motoristas terceirizados também estavam no local, aguardando as autoridades da ANTT. Os condutores passaram horas esperando na área externa do estabelecimento, permanecendo à disposição dos diretores até que estes deixassem a festa.
ANTT e o reajuste das passagens no Entorno do DF
A ANTT é o órgão responsável por regular o transporte interestadual e internacional de passageiros no Brasil. No Entorno do Distrito Federal, a agência tem o papel de autorizar e fiscalizar o funcionamento das empresas de ônibus que operam entre os municípios goianos e a capital federal. Além disso, cabe à ANTT aprovar e definir os reajustes das passagens, que frequentemente pesam no bolso da população trabalhadora da região.
O transporte entre o Entorno e Brasília é historicamente marcado por tarifas elevadas e um serviço precário, com ônibus superlotados e sem manutenção adequada. Ainda assim, a ANTT continua autorizando aumentos sucessivos nas passagens, gerando revolta entre os passageiros que dependem do serviço diariamente para trabalhar e estudar na capital.
Diante desse cenário, o uso de veículos oficiais por diretores da ANTT para fins particulares escancara o contraste entre as dificuldades enfrentadas pela população e os privilégios dos gestores do órgão. O caso levanta questionamentos sobre a postura da agência e a coerência de seus dirigentes na administração dos recursos públicos.
