A Embraer confirmou que deverá divulgar ainda neste mês de junho a assinatura de um contrato com uma companhia aérea da Ásia para a aquisição de aproximadamente 100 aeronaves da linha comercial da fabricante brasileira. Embora o nome do cliente permaneça sob sigilo, fontes ligadas à Embraer apontam que o grupo AirAsia, sediado na Malásia, figura entre os potenciais compradores.
A AirAsia controla diversas subsidiárias que operam sob o modelo low cost em países como Tailândia, Indonésia e Filipinas. Atualmente, sua frota é composta exclusivamente por jatos Airbus das famílias A320 e A330, mas a empresa busca incorporar aeronaves de menor porte para explorar rotas ponto a ponto de curta distância e menor demanda. Segundo estimativas internas da Embraer, os jatos da família E2 — em especial os modelos E190-E2 e E195-E2 — podem reduzir em até 15% os custos operacionais por assento, ao mesmo tempo em que oferecem alcance e conforto adequados ao mercado asiático.
Lançada em 2013 e com primeiras entregas iniciadas em 2018, a família E2 acumula hoje mais de 300 pedidos firmes e é considerada pela Embraer peça-chave em sua estratégia de expansão global. Na Ásia, a fabricante brasileira já conta com mais de 500 jatos em operação e mantém centros de manutenção em Cingapura e Hong Kong.
O segmento de aviação regional na região do Sudeste Asiático projeta crescimento anual de cerca de 6,5% até 2030, impulsionado pela ampliação de aeroportos secundários e pela adoção de modelos de negócios low cost que privilegiam frequências elevadas em rotas de curta distância. Especialistas da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) apontam que a demanda reprimida por conexões diretas nas malhas secundárias deverá sustentar as encomendas de jatos de porte médio ao longo da próxima década.
Para a Embraer, esse possível acordo representaria não apenas uma injeção significativa em seu backlog, mas também uma confirmação de sua competitividade em um mercado tradicionalmente dominado por fabricantes europeus e norte-americanos. O anúncio oficial — ainda previsto para este mês — poderá reforçar o apetite dos clientes asiáticos por soluções flexíveis e custo-efetivas, desafiando o duopólio Airbus-Boeing em rotas de curta e média distância.
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