Em Cachoeira dos Índios (PB), nesta quarta-feira (28/05/2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou da entrega do primeiro trecho do Ramal do Apodi e afirmou que “Deus deixou o sertão sem água porque sabia que eu ia ser presidente da República”, suscitando reações controversas .
O Ramal do Apodi, parte integrante do Projeto de Integração do Rio São Francisco, recebeu um investimento de R$ 1,45 bilhão e conta com extensão total de 115,5 km. Na Barragem Redondo, foi entregue um trecho de aproximadamente 30 km. Iniciadas em 2021, as obras atingiram 74,83 % de avanço físico e têm previsão de conclusão para outubro de 2026, beneficiando mais de 750 mil moradores de 54 municípios na Paraíba, no Rio Grande do Norte e no Ceará .
Idealizada ainda no governo de Getúlio Vargas e retomada em 2007, a transposição do Rio São Francisco já sofria sucessivos atrasos: originalmente prevista para ser concluída em 2012, ainda carece de novos eixos e ramais para atingir plenamente o semiárido nordestino .
A declaração do presidente provocou críticas dos opositores: parlamentares bolsonaristas classificaram-na como “delírio messiânico” e “zombação da fé”. O senador Rogério Marinho (PL-RN) questionou se se tratava de “surto messiânico, megalomania ou psicopatia”, e o ex-deputado Deltan Dallagnol criticou o que chamou de “populismo barato” ao transformar o sofrimento popular em palanque político .
Na mesma cerimônia, Lula ainda enfatizou que “a fome por causa da seca é falta de vergonha na cara das pessoas que governam este país” e conclamou o eleitorado a não voltar a votar em “tranqueira”, referência ao governo anterior .
Com a entrega do Ramal do Apodi, o governo federal avança em obras de segurança hídrica essenciais para mitigar os efeitos das secas no Nordeste, mas o descompasso entre promessas históricas e prazos de conclusão reforça o desafio de equilibrar obras de infraestrutura e expectativas sociais.
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