Câmara se mobiliza contra aumento do IOF e dá 10 dias para equipe econômica apresentar alternativa
O clima de insatisfação entre os parlamentares da Câmara dos Deputados ganhou novos contornos após reunião realizada na noite de ontem (28) entre o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra da Gestão e Inovação, Gleisi Hoffmann. A pauta do encontro foi a resistência crescente no Congresso Nacional à proposta de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), editada pelo governo federal por meio de decreto.
Segundo revelou o próprio deputado Hugo Motta, a insatisfação é generalizada entre os deputados, que consideram a medida um improviso arrecadatório com potencial de prejudicar a economia nacional. “Reforcei a insatisfação geral dos deputados com a proposta de aumento de imposto do governo federal. O clima é de derrubada do decreto do IOF na Câmara”, escreveu o parlamentar em publicação nas redes sociais.
Na reunião, foi acertado um prazo de 10 dias para que a equipe econômica do governo elabore uma proposta alternativa ao aumento do IOF, evitando, segundo os interlocutores, “gambiarras tributárias” e buscando soluções mais consistentes, duradouras e que não sacrifiquem o contribuinte.
A sinalização da Câmara representa uma resistência clara ao uso recorrente de decretos para impor medidas fiscais impopulares, sem amplo debate no Legislativo. O IOF, historicamente utilizado para modular o crédito e reforçar o caixa da União, tornou-se alvo de críticas por ser aplicado como medida emergencial em momentos de desequilíbrio fiscal, sem reformas estruturantes.
O aumento do IOF proposto recentemente pelo governo federal tem como justificativa elevar a arrecadação em curto prazo diante das metas fiscais, mas enfrenta oposição de economistas, setor produtivo e agora, de forma explícita, de grande parte da Câmara dos Deputados. A expectativa nos bastidores é de que, caso a Fazenda não apresente um plano alternativo consistente, o decreto seja efetivamente derrubado pelo plenário.
Oposição e base aliada se unem
O que chama atenção é que a rejeição à medida não se restringe à oposição. Deputados da base governista também demonstraram desconforto, temendo o desgaste político de apoiar um novo aumento de tributos em meio à estagnação econômica e ao crescimento do endividamento das famílias.
Com a pressão consolidada, cresce o risco de o governo sofrer mais uma derrota no Congresso, a exemplo do que já ocorreu em pautas anteriores como a desoneração da folha de pagamento. O recado foi dado: medidas fiscais que onerem ainda mais a população sem debate técnico e político não terão vida fácil no Parlamento.
Redes sociais
Acompanhe mais notícias e análises em nossas redes sociais:
📲 Instagram: @dfmobilidade
🐦 Twitter/X: @dfmobilidade
🔗 Facebook: Portal DFMobilidade
✍️ Por Hamilton Silva – jornalista, economista e editor do portal DFMOBILIDADE.COM.BR