Delegado que indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo tem histórico com PT

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O delegado Itawan de Oliveira Pereira, que assina o relatório de indiciamento de Jair Bolsonaro e Eduardo, atuou de 2017 a 2019 como assessor do petista Leo de Brito (AC), ex-deputado por dois mandatos e hoje secretário especial do ministro da Educação, Camilo Santana. Brito também foi secretário de Jorge Viana, hoje presidente da Apex – e ligadíssimo a Lula.

Pereira está na PF há apenas 6 anos. Formou-se em Direito em 2015 no UniCeub, em Brasília, e cursou na Câmara dos Deputados uma especialização em Processo Legislativo. Começou como assessor técnico da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, presidida por Brito; passando depois para o gabinete do petista.

Também estagiou nos escritórios de advocacia Bordignon & Rocha Advogados Associados, no Acre; e Rodrigo Mudrovitsch Advogados Associados, de Brasília. Depois de tirar sua OAB, Itawan Pereira atuou como advogado em escândalos políticos investigados pela própria PF, como os envolvendo o BRB (Operação Circus Máximus) e o ex-governador do Amazonas José Melo.

Em 2019, ingressou na PF e depois foi deslocado para a Superintendência no Acre; sendo no ano passado reconvocado a Brasília para integrar a força-tarefa que passou a investigar Jair Bolsonaro, seus familiares e ex-assessores. Hoje, ele integra a Coordenação de Investigação e Operações de Contrainteligência; unidade que normalmente reúne delegados mais experientes.

Este site questionou a Direção da Polícia Federal sobre eventual conflito de interesses na atuação do delegado, com relações pessoais e políticas com o PT, em investigações de seus rivais políticos. Pela assessoria, a corporação optou por não se manifestar.

A seleção para cargos na PF inclui etapa de investigação social, a fim de se avaliar a conduta irrepreensível e a idoneidade moral exigidas dos candidatos. No caso do recrutamento para áreas de inteligência policial, o processo é ainda mais rigoroso, observando integralmente os protocolos de segurança da informação e de prevenção de conflitos de interesse, em conformidade com a legislação e regulamentação vigentes.

UM RELATÓRIO POUCO POLICIAL

O relatório de indiciamento, entregue ao Supremo na última quarta-feira, traz abordagens distorcidas e conclusões equivocadas sobre ações atribuídas ao ex-presidente e a seu filho. Num dos casos que virou piada na internet, a PF criminaliza transferências de valores feitas  por ambos às suas respectivas esposas — todas feitas de maneira oficial via transferência bancária.

Para Itawan, porém, “os investigados se utilizaram de diversos artifícios para dissimular a origem e o destino de recursos financeiros, com o intuito de financiamento e suporte das atividades de natureza ilícita do parlamentar licenciado no exterior”. O delegado tem a ousadia de dizer que Jair e Eduardo utilizaram “estratégias idênticas de fracionamento e repasse dos valores recebidos”.

No próprio relatório, porém, estão lá registrados os dois repasses de R$ 2 milhões cada, um para Eduardo e outro para Michelle. Classificar de “modus operandi” para evitar a rastreabilidade transferências desses montantes, realizadas formalmente dentro do sistema bancário, é abusar da criatividade… e da inteligência.

No mesmo documento, o delegado transcreve com tom de seriedade declarações irônicas feitas por Eduardo em conversa com seu pai, ao se referir a Tarcísio de Freitas. Itawan gasta páginas de um relatório de indiciamento para reproduzir diálogos pessoais, com trocas de emojis e notícias de jornais; e apreciações gerais sobre política.

Ao transcrever as discussões entre pai e filho, o delegado conseguiu apenas enfraquecer ainda mais sua tese de que haveria uma coordenação entre eles para coagir o Supremo. Por vezes, Eduardo reclama que a postura de Bolsonaro atrapalha sua atuação junto à Casa Branca, enfraquecendo-a.

O ex-presidente chega a censurar críticas do filho a Gilmar Mendes, por exemplo. Mais grave, Eduardo e Bolsonaro se desentendem sobre o ‘projeto alternativo’ de anistia apoiado pelo Supremo. O texto, porém, só beneficiaria parcialmente os condenados do 8 de janeiro, o que levou o deputado licenciado a criticar duramente o pai.

Em sua interpretação enviesada da realidade, o delegado escreve “que a real intenção dos investigados não seria uma anistia para os condenados pelos atos golpistas realizados no dia 08 de janeiro de 2022, mas sim, interesses pessoais, no sentido de obter uma condição de impunidade de JAIR BOLSONARO”.

Com tantos erros de análise e ilações forçadas, é de se questionar a isenção do delegado Itawan Pereira, considerando seu histórico profissional. Não deve ser coincidência que sua digital também apareça na delação de Mauro Cid e no depoimento do brigadeiro Baptista Júnior, com acusações que foram depois desmontadas por testemunhas, réus e pela ausência de provas.

*Com informações do Portal Claudio Dantas

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