A CPMI do INSS ouviu nesta segunda (6.out.2025) o empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, que iniciou o depoimento sem assumir compromisso de dizer a verdade e, amparado por decisão do STF, recorreu ao silêncio em perguntas potencialmente autoincriminatórias. Segundo a Agência Senado, o relator Alfredo Gaspar (União-AL) focou no salto patrimonial do investigado.
Relatos oficiais e imagens da sessão indicam que a Polícia Federal apreendeu uma frota de luxo vinculada a Cavalcanti — entre “21 ou 23” veículos — incluindo uma Ferrari estimada em cerca de R$4 milhões, além de relógios avaliados em até R$1,3 milhão, vinhos guardados com fiel depositário que somariam aproximadamente R$7 milhões e obras de arte. O empresário disse que a Ferrari é financiada e que os pagamentos vão até 2027. Para a CPMI, o padrão de vida é incompatível com a renda declarada; Cavalcanti negou ser “laranja”.
Questionado sobre vínculos e fontes de receita, Cavalcanti citou trabalhos de “governança corporativa” no escritório do advogado Nelson Wilians, negou lobby em Brasília e afirmou que a empresa Valestra teria lucro mensal próximo de R$20 milhões. Também disse estar se desligando de uma corretora ligada a Wilians. O relator apontou conexões com Maurício Camisotti e a associação Ambec, investigada por descontos indevidos em benefícios; o empresário rechaçou envolvimento com fraudes.
No campo político, Cavalcanti reconheceu relações com autoridades, disse ter presenteado o governador do DF, Ibaneis Rocha, com um Fusca de colecionador, e confirmou doações eleitorais: R$200 mil à campanha de Maria Victoria (PP-PR) e contribuições de R$100 mil aos diretórios nacionais de PP e PT, “sempre de forma declarada”, segundo ele. Ao longo da oitiva, permaneceu em silêncio em parte das perguntas dos parlamentares.
A CPMI trata o caso como parte do maior esquema já apurado contra aposentados e pensionistas do INSS — o núcleo “Sem Desconto” — e deve cruzar documentos entregues por Cavalcanti (mensagens e contratos) com apreensões da PF para aferir a origem do patrimônio e eventual confluência com atores do contencioso previdenciário. Sessões e registros oficiais da CPMI indicam que novas convocações já foram aprovadas.
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