Nesta quarta-feira (28), o conselheiro de campanha do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Jason Miller, marcou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em uma postagem na rede social X, em reação ao anúncio made pelo governo norte-americano de que irá restringir vistos a autoridades estrangeiras que “censuram” cidadãos dos EUA.
Segundo Jason Miller, a medida de vistos faz parte de uma iniciativa do Departamento de Estado, anunciada pelo secretário Marco Rubio, para proteger a liberdade de expressão de norte-americanos diante de leis ou práticas estrangeiras que imponham censura a conteúdo produzido nos EUA. A política, ainda em fase inicial de aplicação, atinge funcionários que aplicam ou ameaçam sanções contra cidadãos americanos por publicações em redes sociais, ou que pressionam plataformas de tecnologia a adotarem padrões de moderação de conteúdo sob influências externas.
Na mensagem — acompanhada de link para o comunicado oficial e da menção direta a @Alexandre — Miller escreveu:
“Share this with someone who immediately comes to mind when you read this.
OK, I’ll start…
Hello @Alexandre!”
A conta de Alexandre de Moraes no X foi desativada em fevereiro de 2025, conforme confirmado pelo próprio ministro à CNN Brasil. “Me retirei”, declarou ele na ocasião, justificando a decisão como necessária diante do volume de ataques e ameaças pessoais que vinha recebendo.
Este gesto ocorre poucas semanas após Miller qualificar Moraes como “a maior ameaça à democracia no Hemisfério Ocidental”, em postagem de 13 de abril. À época, o assessor recordou ter oficiado sobre “populismo digital extremista” e ironizou possível alegação de perseguição em massa.
Contexto e desdobramentos
• Entrevista de Moraes na New Yorker: o ministro afirmou que se depara com “um novo populismo altamente estruturado e inteligente” tanto no Brasil quanto nos EUA, lamentando que ainda não existam respostas adequadas para combater tais práticas.
• Histórico de Miller no Brasil: em 2021, Jason Miller prestou depoimento à Polícia Federal no inquérito que investigou manifestações do dia 7 de setembro. Ele participou da CPAC Brasil, organizada por Eduardo Bolsonaro, e reuniu-se com o então presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada.
• Gettr e esfera digital: fundador da rede social Gettr, Miller deixou o posto de CEO para integrar a equipe de Trump na campanha de 2024, reforçando seu perfil como porta-voz de correntes conservadoras tanto nos EUA quanto em interlocuções internacionais.
O episódio evidencia a crescente tensão entre autoridades brasileiras e alas do “Trumpismo” que adotam nas redes sociais estratégias agressivas de crítica a magistrados do STF. Especialistas em direito digital observam que, embora simbólico, o movimento de atribuir responsabilidade pessoal a ministros internacionais pode complicar ainda mais a já delicada interlocução jurídica e diplomática.
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