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Cid: Bolsonaro não assinaria minuta de golpe e não sabia sobre plano de assassinato

Tenente coronel Cid - foto- reprodução da internet
Tenente coronel Cid - foto- reprodução da internet

Em delação, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, disse que o ex-presidente não deveria ter conhecimento sobre um suposto plano de aliados para prender autoridades durante uma fantasiosa tentativa de golpe, e, que apesar das diversas opiniões que cercavam o ex-presidente, ele não era a favor de um golpe de Estado. 

Sobre o suposto plano de assassinato que envolvia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, Cid afirmou não saber se Bolsonaro tinha conhecimento do plano. “Naquele momento ninguém botou um plano de ação, é esse ponto que eu quero deixar claro, ninguém chegou com um plano e botou um plano na mesa e falou assim, não, nós vamos prender o Lula, nós vamos matar, nós vamos espionar, eu não sei, eu não sei se tem mais embriões, mais gente, tanto que eu não estava em nenhum grupo desses.”

Cid disse que não participou de nenhum planejamento detalhado, de nenhuma ação, “meu mundo era o mundo do presidente, eu não estou mentindo, não estou omitindo, a gente ouvia, eu ouvia, o general Braga Neto… tem grupos que querem cabeça do ministro, tem grupos que querem isso, a gente ouvia”, afirmou.

Foi revelado que havia uma pressão para um golpe de Estado, no entanto, não partia diretamente de Bolsonaro, mas sim de um grupo radical que conversava “constantemente com o ex-Presidente, instigando-o para dar um golpe de Estado”. Essa ala seria composta pelo ex-ministro Onyx Lorenzoni, o senador Jorge Seiff, o ex-ministro Gilson Machado, o senador Magno Malta, o deputado Eduardo Bolsonaro, o general Mario Fernandes e até pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Bolsonaro também “tinha um pé atrás com a ideia do golpe”, segundo o ex-ajudante de ordens, e “acredita que o ex-Presidente não assinaria esse documento [se referindo a suposta minuta do golpe].”

Em seu relato, Cid afirmou que o ex-presidente não queria que o “pessoal saísse das ruas”, porque ele “tinha certeza que encontraria uma fraude nas urnas eletrônicas e por isso precisava de um clamor popular para reverter a narrativa.”

Os três grupos que cercavam Bolsonaro:Moderados: Aconselhavam Bolsonaro a “mandar o povo para casa” e se posicionar como líder da oposição. Incluíam Flávio Bolsonaro, Bruno Bianco, Ciro Nogueira e o brigadeiro Batista Júnior.Moderados críticos: Apontavam abusos jurídicos e prisões, mas reconheciam a impossibilidade de contestar o resultado das eleições sem caracterizar um golpe. Entre eles, generais da ativa como Freire Gomes, Arruda, Teófilo e Paulo Sérgio.Radicais: Divididos entre “menos radicais”, que buscavam “evidências de fraude nas urnas, e a ala mais extremista, que apoiava ações mais drásticas” contra o governo Lula.

Cid detalhou o clima das reuniões: “Claro que as pessoas estavam indignadas, claro que estava todo mundo discutindo o que tinha que fazer, o que não tinha que fazer, o que podia fazer, mas não tinha nada ali de uma ata… tinha três amigos, dez amigos, onze amigos ali, discutindo as coisas que estavam acontecendo no país. Indignados, um mais revoltado, outro mais…”

Em seu acordo, Cid revelou outro pontos das acusações e falou sobre o funcionamento do apelidado “gabinete do ódio”, que operava no terceiro andar do Palácio do Planalto. O grupo, formado por “três garotos que eram assessores” de Bolsonaro, era diretamente subordinado a Carlos Bolsonaro (PL-RJ), e que o então presidente não dirigia ou liderava os garotos.

“Que era o Carlos Bolsonaro que ditava o que eles teriam que colocar, falar; que basicamente, o que acontecia era que o ex-presidente tomava conta de sua rede social Facebook; Que Carlos Bolsonaro tomava conta das outras redes do ex-Presidente (Instagram, o Twitter e os outros)”, destaca a transcrição da Polícia Federal.

O grupo monitorava as redes sociais para maximizar o engajamento. “Principalmente Carlos Bolsonaro não queria que as mídias sociais do presidente fossem aquelas mídias enfadonhas”, relatou Cid.

O general da reserva também citou o recebimento de presentes pela Ajudância de Ordens, como um kit de joias em ouro branco e um relógio Rolex entregues a Bolsonaro durante viagem à Arábia Saudita, em 2019. Mas defendeu que o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) foi que teria direcionado a maioria dos itens ao acervo privado do ex-presidente.

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