A ofensiva das montadoras chinesas – lideradas por BYD, GWM e Geely – no mercado brasileiro ganhou ímpeto em 2025, impulsionada por uma acirrada competição interna na China e por fortes subsídios estatais. Navios como o BYD Shenzhen desembarcaram mais de 7 mil veículos elétricos em Itajaí (SC) em maio, marcando a maior operação do tipo já registrada no país, segundo a Gazeta do Povo .
Crescimento das importações e participação de mercado
As importações de veículos chineses devem crescer quase 40% em 2025, atingindo cerca de 200 mil unidades, o que corresponde a cerca de 8% das vendas totais de leves no Brasil até agora . De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram emplacadas 225.285 unidades importadas no primeiro semestre de 2025, um avanço de 15,6% em relação ao ano anterior .
Investimentos e estratégias locais da BYD
Para consolidar sua presença, a BYD investe R$ 5,5 bilhões na antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA), com capacidade para 600 mil veículos/ano. Inicialmente, a produção será no sistema SKD (semi knocked down), com carrocerias vindas da China e montagem local de componentes – que ainda dependem quase totalmente de insumos importados. Até o momento, apenas a Continental Pneus figura como fornecedor nacional homologado, e outras 105 empresas brasileiras aguardam validação .
Acelerado avanço da GWM
A Great Wall Motors (GWM) registrou crescimento sete vezes superior à média do setor no 1º semestre de 2025, com 15.261 emplacamentos, especialmente do SUV híbrido Haval H6, líder no segmento. Até o fim do ano, está prevista a inauguração de sua fábrica em Iracemápolis (SP), parte de um aporte total de R$ 10 bilhões até 2032, com compromissos de nacionalização gradual de fornecedores .
Expansão global como pano de fundo
A China já é o maior fabricante e exportador de veículos do mundo: em 2023, suas exportações alcançaram 4,7 milhões de unidades, com projeção de 7,3 milhões até 2030. A supercapacidade interna e a guerra de preços no mercado doméstico – onde existem 115 marcas de elétricos – pressionam fabricantes a buscar novos destinos no Sul Global, incluindo América Latina, Sudeste Asiático e África .
Impactos e reações da indústria brasileira
Igor Calvet, presidente da Anfavea, alerta para o desequilíbrio entre o crescimento de importados (+15,6%) e o tímido avanço dos nacionais (+2,6%) no 1º semestre, além da queda de 10% nas vendas de veículos fabricados no país. O volume de importados no período (228,5 mil unidades) equivale à produção anual de uma grande fábrica, potencializando perda de empregos diretos e na cadeia de fornecedores .
Cenário econômico e tributário
O crédito ao consumidor, pressionado pela Selic em 15% ao ano – a maior desde 2016 – e pela inadimplência que chegou a 3,3% no segmento empresarial e 5,16% entre pessoas físicas, encarece o financiamento de veículos. Montadoras nacionais enfrentam retração de demanda em caminhões pesados, enquanto as chinesas se beneficiam de condições diferenciadas oferecidas pelos bancos das próprias marcas .
A Anfavea defende a manutenção das alíquotas de importação para SKD (hoje em 18% para elétricos, 20% para híbridos e 25% para híbridos plug-in) como barreira de proteção, e pressiona o governo por ajustes que dificultem uma “desindustrialização” em curso .
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