A Controladoria‑Geral da União (CGU) concluiu auditoria relativa às viagens realizadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) entre 2021 e 2024, apontando irregularidades expressivas no uso de recursos públicos. Segundo o relatório, foram totalizadas 6.178 viagens no período, com gastos superiores a R$ 16,7 milhões, sendo cerca de R$ 4,1 milhões destinados a viagens internacionais — a maior parte realizadas por diretores da agência.
Entre os principais achados da CGU constam:
- A proporção dos gastos com viagens internacionais correspondeu a aproximadamente 64% dos recursos alocados à fiscalização no mesmo período, o que configura desequilíbrio grave frente à missão institucional da ANTT.
- O então diretor-geral da agência, Rafael Vitale, chegou a permanecer 191 dias no exterior, segundo o relatório.
- A CGU identificou ainda casos de relatórios de viagem que continham trechos idênticos ou muito semelhantes entre servidores — prática que compromete a qualidade da documentação de gastos.
- Em um dos casos, o relatório aponta que teria sido apresentada informação falsa à Embaixada da China para que duas servidoras terceirizadas participassem de viagem ao país — fato que, segundo a ANTT, “desconhece” no que tange à gestão atual.
Em resposta, a ANTT informou que sob a nova gestão, iniciada em fevereiro de 2025, foram adotadas medidas de contenção de despesas, entre elas uma redução de 33% nos “viagens internacionais dos diretores no primeiro semestre de 2025”. A agência destaca que “desconhece” as acusações de falsificação e que o fato apontado no relatório não se refere à atual gestão.
Essa revelação ocorre em momento crítico, considerando que a agência reguladora enfrenta limitações orçamentárias e demanda intensificação da fiscalização terrestre — justamente o setor que a CGU aponta como sendo prejudicado em consequência dos dispêndios com viagens. O cenário reforça a urgência de revisão dos critérios de alocação orçamentária da ANTT para garantir que os recursos públicos sejam direcionados ao interesse coletivo, e não ao custeio de deslocamentos cujo impacto em termos de entrega institucional não foi claramente demonstrado.
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