BYD confirma início da produção em Camaçari para 26 de junho de 2025, enquanto enfrenta ação do MPT por supostas irregularidades trabalhistas

Divulgação/BYD
Divulgação/BYD

Camaçari (BA), 30 de maio de 2025 – A fabricante chinesa BYD confirmou que o primeiro carro produzido na fábrica instalada em Camaçari (BA) sairá da linha de montagem em 26 de junho de 2025, às 9h, conforme comunicado oficial divulgado durante o lançamento do modelo Song Plus 2026, em São Paulo. O empreendimento faz parte de um investimento de R$ 5,5 bilhões, com expectativa de geração de 20 mil empregos diretos e indiretos na região.

Contexto e anúncio
O comunicado ocorreu em 28 de maio, um dia antes do Ministério Público do Trabalho (MPT) ingressar com ação civil pública contra a montadora e duas empreiteiras envolvidas, por denúncias de trabalho análogo à escravidão e tráfico internacional de pessoas envolvendo 220 trabalhadores chineses em condições precárias no canteiro de obras em Camaçari. Em entrevista ao Canal VE, Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD no Brasil, defendeu a lisura da empresa e garantiu que apresentará sua defesa para demonstrar conformidade com a legislação trabalhista e princípios éticos.

Ação do MPT
O MPT aponta irregularidades como alojamentos sem conforto ou higiene, vigilância armada, retenção de passaportes, contratos com cláusulas ilegais e jornadas exaustivas sem descanso semanal. A ação requer indenização de R$ 257 milhões por danos morais coletivos, pagamento de dano moral individual calculado em 21 vezes o salário contratual acrescido de um salário por dia de trabalho sob condição análoga à escravidão, e multa de R$ 50 mil por infração, multiplicada pelo número de trabalhadores prejudicados.

Investimento e impacto econômico
Segundo o governo da Bahia, o projeto conta com aporte total de R$ 5,5 bilhões e capacidade inicial para produzir 150 mil veículos ao ano, com ampliação para 300 mil unidades na segunda fase, consolidando Camaçari como maior polo industrial da BYD fora da China. A estimativa é de até 20 mil empregos diretos e indiretos ao longo do projeto.

Desafios e perspectivas
Entidades sindicais manifestam preocupação quanto ao equilíbrio entre montagem local e eventual importação de veículos ou kits CKD/SKD, que poderia reduzir o grau de nacionalização e o impacto sobre o mercado de trabalho local. A BYD reafirma compromisso com a nacionalização progressiva, pesquisa e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.

Conclusão
O início da produção em 26 de junho de 2025 marca um passo decisivo para o mercado de veículos elétricos e híbridos no Brasil, mas o desfecho da ação do MPT e a negociação com sindicatos serão determinantes para a reputação e sustentabilidade do projeto a longo prazo.

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Sobre o autor
Hamilton Silva é jornalista, economista e editor-chefe do portal DFMobilidade.

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