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Bolsonaro tinha grampo contra Moraes e ofereceu indulto, diz Hacker

Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O hacker Walter Delgatti Neto disse, nesta quinta-feira (17), à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria dito que obteve um grampo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, mas que o hacker precisaria assumir a autoria do crime.

“Nesse grampo teriam conversas comprometedoras do ministro e ele [Bolsonaro] precisava que eu assumisse esse grampo” disse Delgatti.

O hacker explicou que Bolsonaro não pediu que ele grampeasse Moraes, mas que assumisse a autoria do crime que já teria sido cometido.

“A informação que eu tenho é que ele já estava grampeado. Já existia o grampo” disse Delgatti.

“Segundo ele [Bolsonaro], naquela data, havia um grampo concluído” prosseguiu.

Delgatti também disse que o ex-presidente lhe ofereceu um indulto para que violasse medidas cautelares da Justiça e invadisse o sistema das urnas eletrônicas para expor supostas vulnerabilidades.

Segundo Delgatti, a conversa com Bolsonaro aconteceu no Palácio da Alvorada e contou com a participação da deputada Carla Zambelli (PL-SP), do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e do coronel Marcelo Câmara.

“Sim, recebi [proposta de benefício]. Inclusive, a ideia ali era eu receber um indulto do presidente. Ele havia concedido indulto ao deputado e como eu estava investigado pela [operação] Spoofing, impedido de acessar a internet e trabalhar, eu estava visava esse indulto, que foi oferecido no dia”disse à relatora Eliziane Gama (PSD-MA).

No rol das ilegalidades, Zambelli ainda teria pedido que Delgatti invadisse o email do ministro Moraes. Também teria partido da deputada o pedido para que ele invadisse os sistemas de órgãos do Poder Judiciário, o que culminou em sua prisão.

“Fiquei por quatro meses na intranet da Justiça Brasileira, no CNJ e no TSE” afirmou o hacker.

Delgatti foi preso preventivamente no início de agosto na Operação 3FA da Polícia Federal (PF). Ele é investigado por suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

Foram apresentados seis requerimentos para a convocação de Delgatti no colegiado.

Em sua fala inicial, o hacker disse que foi procurado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para que autenticasse “a lisura das urnas”. Ele ainda citou que a parlamentar mediou um encontro dele com o ex-presidente Jair Bolsonaro para discutir como seria feita a suposta autenticação do sistema de votação.

O hacker alegou ter aceitado a proposta de Zambelli, porque estava “vulnerável” após deixar a prisão.

“Eu estava desamparado, sem emprego, e ela ofereceu um emprego a mim. A recompensa por fazer o que fiz era um emprego” disse à CPMI.

Delgatti disse que Zambelli e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, mediaram um encontro com o marqueteiro Duda Lima, que coordenou a campanha de Bolsonaro em 2022.

Segundo o hacker, Lima propôs duas formas dele colaborar com a candidatura do ex-presidente: falar sobre possíveis vulnerabilidades das urnas em entrevista a veículos de imprensa de esquerda ou acessar publicamente um dispositivo de votação no dia 7 de setembro do ano passado para “provar” que é possível que o voto de um candidato seja transferido para outro. As duas ideias foram descartadas porque a reunião com a cúpula da campanha foi divulgada pela imprensa.

Delgatti ainda descreveu uma reunião realizada com Bolsonaro no Palácio da Alvorada para discutir a “lisura das eleições”. O encontro, segundo ele, também contou com a presença de Zambelli, Mauro Cid e o coronel Marcelo Câmara.

Ainda segundo o hacker, Bolsonaro ordenou que o coronel Campos o levasse ao Ministério da Defesa para discutir os aspectos técnicos de suas propostas.

“Isso é uma ordem minha” teria dito Bolsonaro após Câmara dizer que era complicado tratar esse assunto com o Ministério.

Delgatti disse ter ido ao menos cinco vezes à pasta. Nos pedidos, os parlamentares afirmam que a oitiva do hacker visa responder dúvidas sobre o envolvimento dele na “promoção dos atos criminosos contra a democracia e as instituições públicas brasileiras” e a relação com aqueles que “instigaram e financiaram os grupos e ações relacionados à trama golpista”.

 

 

*PN

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