O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um aporte recorde de R$ 1,05 bilhão para financiar a construção de uma ferrovia no Mato Grosso do Sul, destinada a substituir o transporte rodoviário de celulose da Eldorado Brasil Celulose S.A. — empresa controlada pelo grupo J&F — por um corredor ferroviário de carga mais eficiente, sustentável e competitivo.
O projeto prevê a implantação de 86,7 quilômetros de trilhos que ligarão a fábrica da Eldorado, em Três Lagoas (MS), ao terminal ferroviário da empresa em Aparecida do Taboado (MS), ponto de conexão com a malha da Rumo Logística, que integra importantes corredores logísticos nacionais e o Porto de Santos (SP) — principal porta de saída da celulose brasileira para o mercado externo.
Segundo o BNDES, o apoio financeiro será operacionalizado por meio da subscrição de R$ 1 bilhão em debêntures de infraestrutura — instrumentos de financiamento com benefícios fiscais incentivados pela Lei 14.801/2024 — e de R$ 50 milhões por meio da linha Finem, voltada a grandes empreendimentos industriais e logísticos.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que o projeto não só reduzirá os custos logísticos da Eldorado, mas também ampliará a competitividade da celulose brasileira, setor no qual o país é um dos maiores produtores do mundo, com cerca de 24,3 milhões de toneladas por ano.
Impactos logísticos, ambientais e de emprego
A nova ferrovia chega em um momento no qual a logística brasileira enfrenta gargalos na infraestrutura de transporte de cargas. Ao substituir o uso de cerca de 50 mil caminhões por ano, a operação deve reduzir em 87,3% as emissões de CO₂ relacionadas ao transporte rodoviário da produção da Eldorado, o equivalente a aproximadamente 105,3 mil toneladas de dióxido de carbono por ano.
Além disso, a construção do trecho ferroviário deve gerar mais de 3.000 empregos diretos e indiretos durante a fase de implantação, dinamizando a economia regional do leste sul-mato-grossense.
Novos modelos de financiamento e infraestrutura
O projeto da Eldorado é também pioneiro no uso da autorização ferroviária, um novo modelo regulatório que permite à iniciativa privada propor e construir infraestrutura ferroviária sem a necessidade de licitações tradicionais federais — liberando trilhos para mercados específicos e ajudando a superar o histórico de carências na malha ferroviária brasileira.
Especialistas em logística ressaltam que iniciativas como essa podem fortalecer cadeias produtivas intensivas em volume, desde a indústria florestal até o agronegócio, ao reduzir custos de transporte e incentivar a utilização de modais ferroviários, historicamente mais eficientes em grandes distâncias no Brasil.
Com o apoio do BNDES, o país dá um passo significativo para retomar investimentos em infraestrutura de transporte de carga com foco em sustentabilidade e integração logística, em um setor onde a ausência de malhas eficientes historicamente prejudicou a competitividade internacional.
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