Discussão foi motivada por possível nomeação de advogada para o governo Lula
Uma discussão via WhatsApp na noite da última sexta-feira (31) entre participantes do Prerrogativas, grupo jurídico aliado do presidente Lula (PT), levou à saída do advogado Augusto Botelho, secretário Nacional de Justiça, do rol de integrantes. A discussão girou em torno da intenção do ministro da Justiça, Flávio Dino, de nomear a advogada Marilda Silveira como colaboradora.
O atual ministro da Justiça pretende colocar Silveira como a responsável por entrevistar candidatos a vagas em tribunais superiores. No entanto, as críticas de aliados de Lula contra ela residem no fato de que a advogada foi a responsável por, no passado, mover ações contra o petista, inclusive a que impediu que ele assumisse, em 2016, a chefia da Casa Civil no governo Dilma.
Na discussão que resultou na saída de Botelho, integrantes do Prerrogativas mais ligados ao PT disseram achar absurda a nomeação de Silveira, dado o histórico atribuído a ela. Outros, no entanto, disseram que ela teria um currículo sólido para realizar a tarefa proposta por Flávio Dino.
Em determinado momento da discussão, o secretário nacional de Justiça então afirmou que, dada sua ligação com Dino, não poderia mais se manter no Prerrogativas e, irritado, deixou o grupo. O coordenador da iniciativa, Marco Aurélio de Carvalho, disse esperar que o ex-integrante reconsidere a decisão.
– Augusto tem o nosso carinho e o nosso respeito. Espero que reavalie a decisão precipitada de deixar o grupo que tanto o apoiou nestes últimos anos – declarou Carvalho.
SOBRE O PRERROGATIVAS
O Grupo Prerrogativas se notabilizou nos últimos tempos por defender pautas de esquerda e declaradamente apoiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em junho do ano passado, ainda antes do período de campanha eleitoral, o coletivo organizou um jantar para arrecadar doações para a candidatura do petista.
Após a eleição de Lula, o grupo passou a encampar uma ofensiva com o objetivo de levar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a responder por ações de seu governo na Justiça. A estratégia do grupo seria de buscar o Judiciário com o objetivo de tornar Bolsonaro inelegível.
Além disso, o coletivo também acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar suspender a posse de deputados aliados de Bolsonaro sob a alegação de que eles teriam endossado os atos do dia 8 de janeiro. O ministro Alexandre de Moraes, no entanto, rejeitou os pedidos do grupo.