A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou que a Associação de Assistência Social à Pensionistas e Aposentados (AASPA), alvo da CPMI do INSS, atribuiu a validações biométricas de novos filiados a empresas com as quais não mantinha qualquer vínculo — entre elas Uber, Serasa, Sicoob e Caixa. A prática fere requisitos técnicos obrigatórios, como a checagem de “verificação de vivacidade”, e expõe mais uma falha de governança no sistema previdenciário federal. O caso integra o escândalo dos descontos indevidos em benefícios e já levou à queda do então ministro da Previdência, Carlos Lupi, e do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
Segundo amostragem da CGU junto ao Serpro, entre junho de 2024 e janeiro de 2025 houve 103 tentativas de inclusão de filiados na AASPA; apenas 12 passaram por “validação” — e mesmo essas teriam sido atribuídas a terceiros alheios ao contrato. A entidade é presidida por Anderson Ladeira Viana, ex-BMG; a coleta de assinaturas ocorreu via Dataqualify (também de Viana), enquanto a validação foi oficialmente contratada à Deltafox, mas acabou aparecendo como se fosse feita por empresas sem relação com a associação.
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Em notas, a Uber afirmou não prestar validação biométrica a terceiros e disse ter contrato com o Serpro apenas para uso na própria plataforma; a Caixa informou não comentar por não ter tido acesso integral ao relatório; a Serasa negou relação com as empresas citadas; o Sicoob não respondeu até a publicação. Para a CGU, além das fragilidades no controle do INSS, houve “autobenefício e desvio de finalidade” ao contratar empresa do próprio dirigente, violando o acordo firmado com a autarquia. A AASPA faturou R$ 6 milhões até ter o convênio suspenso após a Operação Sem Desconto da PF.
Em síntese: enquanto aposentados relatam descontos não autorizados, a área federal de Previdência acumula indícios de fragilidade contratual, falhas técnicas e conflito de interesses. A CPMI do INSS e os órgãos de controle agora precisam esclarecer como tamanha porosidade passou pelo crivo da gestão — e garantir devolução de valores e responsabilização dos envolvidos.
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